Nosso passeio pelas Missões começa na cidade de Entre-Ijuís, onde fica o Sítio Arqueológico de São João Batista – um lugar de 22 hectares onde viveram mais de 4 mil índios entre os séculos 17 e 18. Foi na redução jesuítica a primeira fundição de ferro da América Latina, para ser usado na montagem dos sinos e em construções. Hoje, o lugar é administrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pode ser conhecido de graça.
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Seguindo pela BR-285 em direção a São Miguel das Missões, encontramos a Vinícola Fin. A visita também é gratuita, e o turista pode degustar iguarias típicas da culinária italiana, como queijos, salames, copas. O proprietário, Jorge Fin, conta que foi ali, na região das Missões – e não na Serra, como muitos pensam – que a produção de vinho teve início no Estado. As videiras chegaram em 1626, trazidas por jesuítas para a fabricação de vinhos utilizados nas missas.
– Eu sou de origem italiana, inclusive meu bisavô veio da Itália em 1876, há 140 anos. Mas os jesuítas vieram antes, há 250 anos, e foram eles que fizeram o primeiro vinho – afirma Fin.
Dali, são mais 40 quilômetros até São Miguel, onde ficam as ruínas mais famosas da região, que recebem anualmente cerca de 80 mil turistas do Brasil e do Exterior. Para entrar no sítio arqueológico, o turista paga R$ 5. Lá, encontra as ruínas de uma igreja que data de 1745, ainda bem preservada. À noite, não dá para perder o espetáculo de som e luz, que custa R$ 15 e conta a saga jesuítico-guarani.
– É muito bom, muito interessante. Fica até mais fácil de entender o que aconteceu aqui – conta o militar carioca Gilmar Pressato, que passava uns dias nas Missões com a esposa e o filho pequeno.
Quem quiser conhecer a região além das ruínas pode apostar no turismo rural. Na Fazenda da Laje, a 15 quilômetros do centro de São Miguel, dá para andar a cavalo, tirar leite de vaca, almoçar comida campeira e ainda conhecer um pouco do artesanato local. Para passar o dia na fazenda, com todas as atividades inclusas, o custo é de R$ 90 por pessoa. O pernoite sai por R$ 400 o casal, com todas as atividades e as refeições incluídas.
A experiência na fazenda não se resume ao campo. Através de trilhas, chega-se a pontos históricos e misteriosos.
Depois de dois quilômetros de caminhada, encontramos a pedreira de onde saíram os materiais que foram utilizados para construir o povoado de São Miguel Arcanjo. As lajes – que dão nome à fazenda – eram retiradas dali e carregadas pelos índios em carretões de madeira ao longo da beira do Rio Santa Bárbara. A trilha também nos leva ao Poço Preto, que é uma ramificação do rio que, conforme as lendas locais, guardaria o tesouro das Missões, que teria sido escondido pelos espanhóis na época da guerra guaranítica.
– O pessoal veio muito atrás desse ouro, mas acredito que ninguém conseguiu achar. E nem eu! – brinca a proprietária da fazenda, Zelaine Castanho.
Seja pelos cenários rurais, pela gastronomia, pelas lendas ou pela história, visitar as Missões é um passeio surpreendente e completo.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostrará as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, e no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1