Samba, praia, caipirinha e o Cristo Redentor de braços abertos servindo de cenário para as selfies de milhares de turistas. O Rio de Janeiro pode ter tudo isso e ainda mais: Pão de Açúcar, Jardim Botânico e a famosa calçada de ondas em preto e branco em Copacabana. Mas se engana quem pensa que é só nesses cenários célebres que se faz turismo na capital fluminense.
Montanhas, pedras e florestas cercam o Rio e favorecem a prática de esportes e o ecoturismo. As trilhas estão entre as atividades mais buscadas pelos aventureiros que não se contentam apenas com uma volta de bike em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas. Os caminhos que levam às pedras Bonita e da Gávea, ao Morro Dois Irmãos e aos picos da Tijuca e do Papagaio mostram a Cidade Maravilhosa de um ângulo ainda mais incrível.
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Do alto da Pedra Bonita
Queridinha entre cariocas e turistas, a Pedra Bonita é um dos mirantes naturais que mais atraem visitantes em busca de ecoturismo, principalmente pela facilidade de acesso. A trilha que leva até o topo dura cerca de 45 minutos – mas tudo depende da disposição do grupo. O percurso é tranquilo, com grau de dificuldade leve, e pode ser feito por qualquer pessoa em boas condições físicas e que esteja disposta a suar a camisa.
O ponto de partida é o início da Estrada das Canoas, no bairro São Conrado. Ali, pode-se pegar o ônibus 448 (Maracaí/São Conrado), a única linha que sobe até parte da estrada, mas que não chega ao início da trilha. Se o visitante optar por deixar o carro em casa ou economizar com o táxi, o esforço começa antes mesmo de adentrar a mata. Será preciso enfrentar um percurso íngreme, que leva poucos minutos, para chegar até o estacionamento, onde fica o começo da trilha e também a famosa rampa de voo livre da Pedra Bonita (prepare a câmera!).
Tênis nos pés e água na mochila, é só começar a subir. O caminho, embora fácil, exige atenção e cuidado com pedras soltas e degraus traiçoeiros. Mas não demora muito para que raios de sol comecem a ficar mais visíveis em meio às árvores – é o sinal de que o cume, que proporciona uma vista do Rio de Janeiro a quase 700 metros de altura, está cada vez mais próximo. A paisagem lá em cima é espetacular: a imponente Pedra da Gávea entre as praias da Barra da Tijuca e São Conrado e, ao redor, a imensa Floresta da Tijuca.
O topo da Pedra Bonita também proporciona um excelente ângulo para assistir ao pôr do sol carioca. No entanto, é preciso ficar atento aos horários: descer a trilha à noite pode ser perigoso, devido à falta de iluminação no trajeto.
Subir a pé e descer voando
Para os mais corajosos, a volta ainda pode proporcionar 10 minutos de adrenalina e frio na barriga. Há turistas que, ao chegar no estacionamento, depois de descer a trilha, preferem não seguir direto ao ponto do ônibus que levará os visitantes de volta ao início da Estrada das Canoas. Descem voando em parapentes e asas-deltas.
O Clube São Conrado de Voo Livre tem instrutores para as duas modalidades e, se o turista pensa em voar antes de subir a Pedra Bonita, recomenda-se negociar a aventura antes de começar a trilha, visto que é necessária autorização para realizar o voo.
O valor, que varia de R$ 350 a R$ 500, conforme a empresa e o instrutor, pode parecer salgado. Mas, para os aventureiros de primeira viagem, os poucos minutos de voo acabam valendo cada real, principalmente depois de conferir fotos e vídeo que estão incluídos na maioria dos pacotes.
A experiência de sobrevoar São Conrado é realmente única. Após pousar em uma área gramada na extensão da faixa de areia da Praia do Penino, a sensação imediata é de "quero mais".
ESCOLHA A SUA TRILHA
Empresa especializada em ecoturismo e turismo de aventura no Rio de Janeiro, a Nattrip dá dicas para outras trilhas populares entre os turistas.
Trilha do Corcovado
Recomendada aos aventureiros interessados também em conhecer o Cristo Redentor. Com 710 metros de altura, o Corcovado é o principal ponto turístico do Rio de Janeiro. Sua trilha leva o visitante por um setor do Parque Nacional da Tijuca que abriga uma exuberante Mata Atlântica, onde é possível avistar diversas espécies de animais que habitam a Floresta da Tijuca. Macacos-prego, tucanos, gaviões e gambás são frequentemente vistos em busca de alimento.
O passeio começa no Parque Lage (foto), patrimônio histórico e paisagístico da cidade. Ao longo da trilha, é possível cruzar por córregos e edificações do antigo império e do ciclo do café. O trajeto requer esforço físico moderado, pois inclui subidas íngremes em mata fechada e obstáculos naturais. O trajeto também cruza os trilhos por onde passa o trem do Corcovado até chegar ao Cristo Redentor.
Duração: 1h30min de subida
Recomendação: crianças acima de 12 anos e adultos com saúde em dia
Nível de dificuldade: leve
Trilha do Morro Dois Irmãos
Localizado entre os bairros do Leblon e São Conrado, o Morro Dois Irmãos presenteia o visitante com uma belíssima vista para o mar. O mirante, a 533 metros de altitude, também é conhecido por mostrar a realidade de contrastes do Rio de Janeiro, fazendo entender melhor a ocupação social por meio da favela do Vidigal. É no topo da comunidade pacificada que começa a trilha, por isso a ideia de, como um autêntico morador local, usar transportes que circulam por lá.
Antes de chegar ao cume Dois Irmãos, de onde é possível avistar toda a Zona Sul, o visitante passa por dois mirantes. O primeiro revela a grandeza da Rocinha, uma das maiores favelas da América Latina, e o segundo, uma vista da Pedra da Gávea e da Pedra Bonita, além da Serra da Carioca e do Corcovado.
Duração: 1h40min de subida a partir da entrada da comunidade e cerca de uma hora de mototáxi ou kombi até o início da trilha
Recomendação: crianças acima de 10 anos e adultos com a saúde em dia
Nível de dificuldade: moderado
Trilha do Pico da Tijuca
É o passeio ideal para quem quer conhecer a Mata Atlântica e a história da Floresta da Tijuca, que preserva uma série de belezas naturais e tesouros da época do Brasil Colonial. Com pouco mais de mil metros de altitude, o pico é a maior montanha daquela floresta. Apesar da altitude, as trilhas não são íngremes. Seu início é no portão de entrada do Parque Nacional da Tijuca, passando por várias seções de trilhas até chegar ao cume.
No passeio, o turista pode ainda conhecer o Museu do Parque, a Cachoeira das Almas, o mirante do Pico Tijuca Mirim e uma escadaria esculpida na rocha, construída no início do século 20, para a visita do rei Albert da Bélgica.
Duração: duas horas de subida a partir da entrada do Parque da Tijuca
Recomendação: crianças acima de 10 anos e adultos com a saúde em dia
Nível de dificuldade: moderado
Trilha da Pedra da Gávea
Uma das formações rochosas mais famosas do Rio, a Pedra da Gávea proporciona a aventura mais admirada da cidade, caracterizada mais como uma "escalaminhada" do que como um trilha. É o passeio ideal para quem curte adrenalina. Do alto dos seus 842 metros, pode-se avistar as principais montanhas, além de Baía de Guanabara, Ipanema, Leblon, São Conrado, Barra da Tijuca e Região Serrana.
A caminhada é íngreme com obstáculos naturais e desa-fios, como o trecho de escalada de nível básico, conhecido como a Carrasqueira.
Não é necessária experiência prévia, mas recomenda-se ir com guia.Duração: 2h30min de subida
Recomendação: pessoas com mais de 14 anos e adultos com a saúde em dia Nível de dificuldade: difícil
Trilha do Bico do Papagaio
Segunda maior montanha do Parque Nacional da Tijuca, tem 989 metros de altitude. Para aqueles que curtem mais adrenalina, do cume do Bico do Papagaio é possível montar um rapel vertical, com a imensidão da Floresta da Tijuca atrás.O passeio se inicia no portão de entrada do parque e passa por várias seções de trilhas. O caminho começa tranquilo e segue assim até a base da montanha, onde é preciso encarar uma subida íngreme, com raízes e pedras.
Duração: duas horas de subida a partir da entrada do Parque da Tijuca
Recomendação: crianças acima de 12 anos e adultos com a saúde em dia
Nível de dificuldade: leve