Já tinha consultado a meteorologia, e a previsão era de sol, então achei que não poderia esperar mais nem um dia para empreender a tão esperada aventura pela Rota dos Faróis, no litoral gaúcho. Eu vinha flertando com esse roteiro desde que fiz um curso com o André Nery, fotógrafo fera aqui da cidade, que sempre fazia fotos desse lugar mágico.
A Rota dos Faróis fica na estrada que vai para Mostardas, até São José do Norte. É daquelas indiadas que eu particularmente adoro! Se você só gosta de conforto e superhotéis, então nem pense em se aventurar nessa viagem - essa é só para os rústicos, para jipeiros que curtem barro, areia fofa e muita, muita natureza.
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Saímos de Porto Alegre no sábado de manhã, em direção a Cidreira. Pegamos à direita, na famosa Estrada do Inferno (que agora é moleza, toda asfaltada). Na altura de Solidão, entramos à esquerda e, poucos quilômetros depois, estávamos na beira da praia, no famigerado Farol da Solidão (foto abaixo). Confesso que ele me desapontou um pouco, pois imaginava um farol ermo em uma ponta de praia desolada - mas hoje já existe uma pequena vila ao redor do dito cujo. O dia ajudou, estava lindo, sem vento, e o mar que eu imaginara rebelde e marrom estava verdinho, perfeito.
Resolvemos ir pela praia até Mostardas, e foi muito bom mesmo, primeiro porque já não lembrava de praia com tantos pássaros, montes de gaivotas, garças, piru-pirus e muuuuitas conchas! (Também uma tartaruga enorme morta na praia a cada 10 quilômetros; não me perguntem por que, não posso imaginar a razão.)
Mostardas é uma cidadezinha muito simpática, com prédios coloniais, e que ficou muito tempo isolada do mundo. Em poucos minutos, achamos um restaurante bem típico onde serviram um bom filé à pé - exato para o tamanho da nossa fome. Depois de um passeio até a praça da igreja, seguimos nosso rumo até Tavares, que seria o lugar indicado para passarmos a noite. Antes, fomos conhecer a Lagoa do Peixe, uma reserva onde a gente pode observar muitas espécies de aves - em especial, os flamingos que migram da Patagônia.
Neste dia, nada de flamingos: o que vimos foi um belíssimo pôr do sol na saída da lagoa e uma porção de jipeiros circulando até a beira do mar. Chegamos ao nosso hotel Parque da Lagoa. Saímos para jantar na pizzaria da cidade, onde o pessoal de Tavares se encontra aos sábados, e os turistas breves como nós também, pois os paulistas que se hospedavam no mesmo hotel estavam por lá.
Foi bem legal ter encontrado o Batista, um guia profissional que conhece toda a região e nos deu dicas preciosas do point onde poderíamos avistar os flamingos. No dia seguinte, partimos cedo com um mate em uma mão e a câmera fotográfica na outra para "a caça" a esses animais. Entramos em uma fazenda, onde se paga R$ 5 para uma senhora na porteira, e seguimos por dentro do campo, em uma trilha onde só carros tracionados andam.
Chegando à parte sul da Lagoa do Peixe, adivinhem quem estava lá esperando por nós? Os próprios - os belos flamingos! Lembrei de quando, na África, fazíamos os safaris fotográficos atrás dos big five; aqui, a sensação foi parecida, eu mesma só tinha visto flamingos no zoológico.
Seguimos até São José do Norte, cidade pequena, muito cuidada e tranquila. Lá, almoçamos no Brisamar, um restaurante que serve espeto corrido e rodízio de frutos do mar. Comemos superbem, pois havia vários tipos de camarão, peixe, casquinha de siri, mexilhões - e estava cheio, o que é um bom indício de que o restaurante é bom.
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Nossa ideia inicial era cruzar de balsa de São Jose do Norte até Rio Grande e voltar pela BR-116, mas escolhemos retornar pelo mesmo caminho, pela RS-101, pois a BR-116 é movimentada demais, sobretudo aos domingos.
Foi um fim de semana perfeito, com muito sol e natureza. Voltamos com a cabeça e a alma mais leves.
*Clarisse é uma das autoras do blog Viajando com Arte
