Quando incluí Amsterdã no roteiro, ficou evidente que era o momento certo para desvendar O Diário de Anne Frank, um dos livros mais lidos no mundo. A história me deixou com o peito apertado e a sensação de claustrofobia. O sofrimento em que a personagem se encontra me fez parar na metade das cerca de 500 páginas.
Colunista do Viagem relata o impacto de conhecer Auschwitz
Fui viajar sem ter terminado o diário. Ao entrar na Casa de Anne, muitas frases do livro estão nas paredes. Ao subir as escadas, passei pelo escritório e cheguei em frente ao armário que escondia a porta para o Anexo. A partir daquele ponto, as coisas ficavam mais sombrias: as janelas são tapadas como eram na época. A tensão é sustentada por todos os que caminham em fila a passos lentos, sem a coragem de quebrar o silêncio. Os quartos do sr. e da sra. Frank, de Margot e o de Anne e Fritz Pfeffer estão vazios, a pedido de Otto Frank, para lembrar as milhares de pessoas que foram levadas e nunca mais voltaram.
Fachada da Casa de Anne Frank. Foto: Holland Alliance, divulgação
Com medo do que podia acontecer a sua família depois da invasão alemã à Holanda, Otto decidiu se mudar com a mulher e as duas filhas - Anne e Margot - para o anexo em cima dos escritórios de suas empresas, que ficava no prédio. Ali, escondidos por mais de dois anos, os Frank dividiam dois quartos pequenos, a cozinha, o lavabo e o sótão com o sr. e sra. Van Pels, Peter van Pels e Fritz Pfeffer. Na manhã de 4 de agosto de 1944, a polícia alemã invadiu o Anexo e, um mês depois, eles foram deportados para o campo de concentração Auschwitz-Birkenau. Das oito pessoas escondidas, só Otto Frank sobreviveu à guerra.
Leia também
Casal percorre 4,5 mil quilômetros de bicicleta pela Europa
Deixe-se encantar pela atmosfera descontraída de Amsterdã
Os fantasmas de Amsterdã, na Holanda
Em Amsterdã, a regra é pedalar
Museu da Prostituição abre em Amsterdã
Aruba e Curaçao: a Holanda no Caribe para turista ver e curtir
Miep Gies, funcionária do escritório e colaboradora dos clandestinos, entregou o diário a Otto depois que soube da morte de Anne. Ele não conseguiu abrir o diário da filha por um tempo. Depois de lê-lo, decidiu publicá-lo, e a primeira edição saiu em 25 de junho de 1947. O museu foi aberto em 1960 e é uma das atrações mais concorridas na cidade. Para quem pretende visitar o local, a dica é comprar o ingresso antecipado pelo site annefrank.org, pois a média de espera na fila é de duas horas.
O diário em exposição. Foto: Cris Toala Olivares, divulgação
Ao voltar, a obrigação de terminar o livro pesou. Continuando a leitura, senti o coração da menina de 15 anos. O mal-estar aumentou, pois sabia onde ficara e por quais reais situações passara. Depois de terminar a história, fiquei por alguns dias desanimada e um pouco triste. A jovem sonhadora que queria ser jornalista e escritora conseguiu comover mais um leitor.
Faça um passeio virtual
O site da Casa da Anne Frank oferece um passeio virtual para compreender como viviam os oito clandestinos.