Quem vai a Medellín geralmente fica em El Poblado, uma região onde está a maioria dos hotéis, dos hostels e dos restaurantes - e que não perde em nada para bairros descolados das cidades europeias. Mas se o visitante quer colocar o pé no chão e conhecer uma parte mais real da segunda maior cidade colombiana, precisa pelo menos passar por cima de Santo Domingo, um dos principais morros locais.
Estive lá em julho passado e considerei essa uma das melhores experiências da viagem. De baixo, a favela é praticamente monocromática: parece feita de blocos de lego em cores pastel. Ao subir, porém, conseguimos ver os detalhes do colorido descuidado das casas e assistir à vida pulsando, com festas de aniversário na laje, cervejinha nos bares e muito futebol nas ruelas.
Você tem essa visão quando toma o Metrocable, teleférico inaugurado em 2004 que interliga o morro com o metrô (ao custo de 1,8 mil pesos colombianos, cerca de R$ 2,15). Além de diminuir em mais de uma hora, às vezes, o tempo de transporte dos moradores, o Metrocable também criou uma rota turística, principalmente após a inauguração do Parque Biblioteca España, em 2007.
À medida que a Linha K percorre seus dois quilômetros, o visitante começa a avistar cada vez mais próxima a construção impressionante que dá lugar à biblioteca. São três prédios com a fachada formada por blocos pretos que reluzem com o sol. Além de ser uma experiência antropológica, dali se tem uma das vistas mais bonitas de Medellín. A partir da estação Santo Domingo também é possível fazer uma conexão com a Linha L do Metrocable, de 4,5 quilômetros, até o Parque Arví (mais 4,2 mil pesos, ou R$ 5).
Se minha primeira visita a Santo Domingo começou pelos ares, a segunda veio por terra. Estava fazendo um curso de espanhol em uma universidade local, e eles organizaram uma visita a uma escola no morro. Com outros estudantes estrangeiros, chegamos lá em uma subida eterna de van e respondemos a muitas perguntas dos curiosos e descontraídos alunos sobre nossa cultura e nossa língua.
Depois de algumas horas, desci com uma sensação boa. Apesar das claras dificuldades que aquela gente enfrenta, não encontrei nenhum lugar mais pulsante em Medellín do que Santo Domingo.
* Natural de Caxias do Sul e moradora de Porto Alegre, Priscila De Martini, 30 anos, é editora do Viagem
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