Não é fácil chegar a Morro de São Paulo. Depois de desembarcar no aeroporto de Salvador, a outra parte da viagem começa com um catamarã que sai do Mercado Modelo, na Cidade Baixa, região central da capital baiana. Há duas opções: duas horas e meia no balanço do mar ou uma hora no barco, parte do caminho por terra e mais 15 minutos de catamarã. Esse último foi o escolhido.
No caminho, já se percebe o fascínio que nossa terra exerce sobre os diferentes povos. Os sons da natureza se misturam com inglês, espanhol e (muito) italiano. Ao chegar ao cais, Morro de São Paulo nos espera com uma linda fortaleza e um portal.
Ali não circulam carros ou bicicletas, somente carrinho de mão. Quando chegamos, muitos meninos estavam à espera para carregar nossas bagagens. Por R$ 10, eles levam a mala até a pousada e ainda contam um pouquinho da história da ilha. Em tempo: é impossível negar o serviço, pois a subida é tão íngreme que mal conseguimos levar nosso peso.
Na entrada da vila, a igrejinha e a praça lembram uma cidade cenográfica, tudo muito organizado, limpo e agradável. São quase 80 pousadas espalhadas pela vila e ao longo das praias. Ficamos na Primeira Praia, onde está concentrado o centrinho, com muitas lojas e bons restaurantes. A Segunda e a Terceira Praia seguem na sequência, também amparadas por restaurantes. A Quarta Praia é para quem prefere sossego total.
A palavra de ordem é desfrutar. O ideal é acordar bem cedo, tomar um bom café da manhã olhando para a natureza e depois caminhar pelas praias, curtindo o visual único. Um misto de coqueiros e falésias que lembram Natal com árvores secas, rochas e resquícios da Mata Atlântica que aparecem quando a maré baixa. Aliás, esse é um detalhe importante: como muitos programas dependem da maré, é bom perguntar para algum nativo antes, porque na ida a caminhada pode ser tranquila, mas a volta do passeio pode ser com água quase na altura do joelho.
Para mim não tem tempo ruim e, por sorte, minha companheira de (mais uma) viagem também é curiosa e aventureira. Rosângela e eu conhecemos muitos lugares legais. Um deles foi a Praia Paradisíaca, em que só se chega por uma trilha no meio do mato. Quando estamos próximo ao mar, a vista, enquadrada pelas árvores, e o tom azul da água já são a recompensa. Outro passeio indicado é a volta à Ilha de Tinharé, passando pelas piscinas naturais de Garapuá e Moreré e a Praia da Cueira, na Ilha de Boipeba. Aqui, é preciso fazer uma pausa.
Arquivo Pessoal / Mariana Paniz
Onde o paraíso se esconde
A Praia da Cueira é considerada uma das 10 mais lindas do Brasil. E recentemente a Ilha de Boipeba ficou entre as quatro mais bonitas da América do Sul, segundo a premiação que toma como base milhões de avaliações dos viajantes cadastrados no site TripAdvisor. Realmente é tão fascinante o cenário emoldurado pelos coqueiros, a imensidão do mar na curva da faixa de areia e a tranquilidade extrema do lugar que, dois dias depois do primeiro passeio, alugamos uma lancha e voltamos para ficar o dia todo na praia. Lá, é possível comer uma deliciosa lagosta no Guidos Restaurante, cujo dono, de sorriso fácil e cheio de histórias dignas de um pescador, recebe os visitantes e conta como saiu do anonimato na caça às lagostas ao nome estampado no guia Quatro Rodas.
A volta à ilha segue pelo Rio do Inferno, passando por Cairu, a sede administrativa do arquipélago, além de uma parada rápida em Canavieira para comer ostra. Sabe qual foi a lição do passeio? Alugar uma lancha e ir direto para Boipeba. O paraíso é lá.
Assim é Morro de São Paulo, entre um paraíso e outro a natureza sempre dá um espetáculo no fim de cada dia. E em cada pôr do sol tive a certeza de que não sei mais viver longe do mar.