Um dos maiores ícones brasileiros parece terra estrangeira diante de olhos acostumados com a cidade grande e suas facilidades. Até mesmo os locais, volta e meia, referem-se ao restante do país como "lá no Brasil".
Não é somente a distância que dá essa sensação: tudo é diferente. O principal meio de transporte é o barco, em diferentes tamanhos, velocidades, capacidades e utilidades. De canoas a gigantescas balsas, tem até casa que boia, como as habitadas pelas populações ribeirinhas.
Em Manacapuru, por exemplo, posto de gasolina, mercado de peixe e boteco são as instalações mais comuns, junto com as residências, que se dividem em flutuantes, apoiadas sobre toras de açacu, e sobre palafitas. Tudo para acompanhar as águas dos rios Negro e Solimões, que banham a região e, na época da cheia, entre dezembro e abril, podem subir até 15 metros.
Há diversas maneiras de conhecer a região amazônica. Melhor do que um GPS, um guia local vai ajudar a explorar igarapés e as ilhas fluviais, orientando sobre a mata e os animais dentro e fora da água. O Solimões é o hábitat de botos e jacarés. Em quase todas as navegações, é possível avistar os mamíferos, que aparecem fazendo manobras na parte mais profunda do rio.
Durante o dia, jacarés tomam sol nas barrancas, onde também circulam pássaros coloridos e a vegetação responsável pelo sustento dos po-voados locais. Pescarias são indispensáveis: de piranhas a pirarucus, são 3,5 mil espécies de peixes.
Navegando com glamour
Uma das formas mais confortáveis de conhecer a região é a bordo do Iberostar Grand Amazon, navio-hotel da rede espanhola construído para excursões nos rios Solimões e Negro. A embarcação, com 75 cabines, todas com varanda, é pequena, comparada aos grandes navios de cruzeiro.
O sistema all inclusive garante alimentação e bebida em horários alternados no restaurante e no bar da piscina. Discoteca, loja, academia e spa, com tratamentos estéticos, completam a lista de atividades a bordo.
A diversão para os passageiros do Grand Amazon, porém, está do lado de fora. No cruzeiro de três noites pelo rio Solimões, há três excursões por dia, com saídas em lanchas com capacidade para até 20 passageiros. Entre os passeios, há a oportunidade de conhecer a vida de um caboclo ribeirinho, como o seu Álvaro e a mulher, Léa.
A propriedade, no alto do barranco, fica protegida das cheias do rio. Plantas medicinais, lavoura de mandioca brava e a produção de farinha fazem parte do quintal. Dá para aprender segredos para curar dor de barriga, dor de cabeça e dor de dente, tudo baseado na sabedoria indígena.
Encontro com a preguiça
Guias bem preparados acompanham as saídas e satisfazem a curiosidade dos visitantes sobre rotinas da população, dificuldades de abastecimento - tudo ali chega pelo rio - e hábitos de vida dos moradores. Um dos momentos mais emocionantes é a expedição noturna, para focar jacarés e observar animais e pássaros notívagos. Depois de encontrar jacarés e temer pelos sapos nas encostas do rio, é hora de recostar-se na lancha e observar o céu estrelado, outra imensidão proporcionada pela Floresta Amazônica.
O nascer do sol e a pescaria de piranhas estão na programação do Grand Amazon. Uma caminhada no povoado da Ilha de Careiro, no fim da viagem de 180 quilômetros, coloca o visitante em contato com moradores e seu principal animal de estimação: a preguiça. Lento e macio, o bichinho é passado de colo em colo antes de a turma entrar na mata e conhecer mais da vegetação e das plantas típicas locais.
A viagem termina com o encontro das águas do Negro e Solimões, já em Manaus. Quem quiser continuar a bordo pode conhecer o Negro por mais quatro noites, no cruzeiro que começa depois do desembarque do Solimões.
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Foto: Divulgação/Iberostar Grand Amazon