O jornalista Clayton Conservani costuma dizer que tem habilidades razoáveis. Naturalmente, correr 246 quilômetros no meio do deserto não é algo que possamos chamar apenas de razoável. De estatura média, quase um baixinho, porém forte, Clayton tem uma fala calma, ponderada. Aos 46 anos, aventureiro nato, corpo e mente alinhados, é titular de um dos quadros de maior audiência do Fantástico: o Planeta Extremo, prestes a entrar em sua terceira temporada.
Nesse quadro, o jornalista já passou por inúmeras aventuras: mergulho nas Bahamas, rafting na África, maratonas no gelo da Antártica e no deserto do Saara, corrida montanha acima na Malásia, escalada no gelo no Canadá... Enfim, a lista é enorme. E esse espírito vem desde garoto, da infância e da adolescência em Resende (RJ):
- Com uns 12, 13, comecei a escalar. Com 16, queria cada vez mais - conta.
Na adolescência, Clayton optou pelo jornalismo. A partir dessa escolha, sua trajetória foi se desenhando cada vez mais na direção de seu estilo aventureiro. Em 2009, ganharia um quadro no Esporte Espetacular: o Esporte Extremo. Excursionava, muitas vezes sozinho, parceiro apenas de uma câmera. Tente se imaginar escalando montanhas de milhares de metros reportando todos os seus sentimentos para uma lente, sofrendo, extenuado, e podendo até mesmo morrer. Para Clayton, é a tradução de uma vida feliz.
Seu quadro ganhou força, e ele ganhou uma equipe de produção, um grande orçamento, equipamentos. Teria tudo o que necessitava para mostrar ao mundo os lugares mais espetaculares e as empreitadas mais difíceis. Nascia, assim, o Planeta Extremo.
Com o novo quadro, contou fantásticas histórias de fantásticos lugares - desde excursionar ao Vale das Lágrimas, nos Andes, para falar sobre um time uruguaio de rugby que por lá sofrera um acidente de avião na década de 1970, até a encarar uma maratona de 246 quilômetros em meio ao deserto do Saara. Enfrentou de unhas do pé penduradas e hematomas roxos até o medo de fracassar. Nas expedições, ele encontra seus iguais, como o uruguaio Gustavo Zerbino, um dos sobreviventes da tragédia no Vale das Lágrimas:
- Sempre falo da lição desse sobrevivente: "Reclama quem está bem. Quem está realmente mal cerra os dentes e segue em frente". Isso é uma lição que levo para a minha vida.
A nova temporada do seu quadro está sendo produzida.
- Sinto-me um privilegiado. Tenho a profissão dos sonhos, e acho que consigo passar isso para o espectador.
Adiante, Clayton tem suas pretensões. Escalar o Monte Cook, na Nova Zelândia? Talvez, quiçá, um dia:
- Tenho muita vontade.
O que mais fascinou Clayton
O povo xerpa
"Considerado o povo mais forte do mundo. Passei 79 dias no Everest, em 2005, então convivia diariamente com eles. Lembro que, uma vez, estava no acampamento base quando o xerpa que havia acompanhado um amigo na escalada voltou, com uma mochila cargueira quase do meu tamanho. Ele jogou a mochila no chão e falou brincando para mim: Levanta essa mochila. Eu não conseguia tirá-la do chão."
O Himalaia
"Lembro com muito carinho e saudade. Não tenho vontade de escalar o Everest novamente, mas de voltar para Katmandu e fazer um trekking com a minha filha até o acampamento-base. O ambiente é maravilhoso, a caminhada é maravilhosa, com templos, mosteiros, rododrendos florindo."
Clayton Conversani dá dicas de turismo de aventura em todos os níveis de intensidade