Este foi um dos muitos acontecimentos inesperados que se passaram com minhas três amigas e eu nos 50 dias em que estivemos viajando pela Ásia em março e abril deste ano.
Voltávamos de um passeio em Gilli Island, na Indonésia, em um barco de pequeno porte, que costuma levar turistas a esses lugares. Todas sentados à volta da embarcação, apreciávamos embevecidas a belíssima paisagem que se desenrolava, tirando muitas fotos.
O dia estava lindo, e o mar, calmo. Eram mais ou menos 15h quando, de repente, desabou sobre nós uma inesperada e forte tempestade.
No início ficamos só apreensivas, pois acreditávamos que logo iria passar, mas ela se intensificou... O mar se encheu de ondas, e a chuva começou a nos encharcar, pois o barco tinha apenas uma leve cobertura de plástico. Dois homens controlavam o barco, um no motor de popa e um outro nativo, um senhor velho, à frente, indicava o caminho a seguir.
A chuva aumentava cada vez mais, molhando cabelos, bolsas, passaporte, dinheiro e tudo mais, mas esse não era o momento de nos preocupar com isso.
O "comandante" gesticulava em meio à tormenta:
- Todos para o meio do barco!!!
E a gente, apavorada, obedecia.
O velho senhor nativo, com os olhos pregados no horizonte, tentando enxergar a ilha à sua frente, corria pra todo lado sem saber o que fazer. Quando viu que a situação estava fora de controle, que não se via nada além do mar e das nuvens ao seu redor, ele vomitou. Vomitou de pavor.
Estávamos perdidos naquele imenso oceano, naquele pequeno barco, à deriva, sem saber qual direção seguir, sem bússola (artigo de luxo naquela jangada), celular nem pensar (ninguém usava mesmo) e com quatro salva-vidas para 30 pessoas.
Ganhei um e, mesmo assim, se aquele barco virasse, era bem provável que com boia e tudo me afogaria naquelas águas profundas e revoltas.
Nem sei quanto tempo se passou, mas, para nós, foi uma eternidade. Então, assim como começou, a tempestade se foi e tudo se tornou visível no horizonte. Nos dirigimos ao nosso destino e, ao pisar em terra firme, agradecemos a Deus por estarmos sãs e salvas.
E, então, pensei: mar, nunca mais!
*Artista plástica