Principal destino para observação da vida selvagem na América do Sul, o Pantanal segue um ritmo ditado pelas águas que sobem e descem conforme as chuvas e o curso do grande Rio Paraguai. É um ecossistema complexo influenciado pelas savanas bolivianas, cerrado, Amazônia e também pela Floresta Atlântica.
A abundância de água, a diversidade e a riqueza do solo atraem uma quantidade e uma variedade incrível de animais que podem ser vistos até na beira da estrada. O Pantanal está rodeado por escarpas antigas. Ao norte, a famosa Chapada dos Guimarães. Ao sul, a Serra da Bodoquena. Amolar está a oeste e Maracaju a leste. Descer os platôs é uma impressionante viagem por terra ou pelo ar. Seu coração é acessível somente com carros 4x4 ou a cavalo. Nós percorremos um bom trecho da Estrada do Parque, que vai do Passo do Lontra até Corumbá, mas não deu para chegar ao final porque em junho do ano passado houve uma das mais fortes chuvas das últimas décadas que destruiu quase todas as suas cem pontes.
Nossa viagem começa na Reserva Rio das Furnas - Reserva Particular do Patrimônio Natural ( RPPN) - situada em São Leonardo, na Serra da Boa Vista. Vamos de um divisor de águas importante para o estado de Santa Catarina, de onde partem os rios Tubarão, Cubatão, Tijucas e Itajaí, a quase mil metros de altitude, até a maior área alagável do mundo, o Pantanal mato- grossense. Viajar de carro é para quem gosta de parar em tudo quanto é canto. Gosta de tirar tempo para conhecer as culturas de lugarejos esquecidos pela civilização. Quem viaja assim tem sempre histórias para recordar, pois tem mais tempo de ouvi- las. Do bafo da onça no cangote à sucuri gigante, da reintrodução da Araravermelha no Buraco das Araras, da família inteira de bugios que conversou com nosso guia e da Roda de Passarinho que fizemos 100 km rio acima, na Escola Jatobazinho. É hora de seguir caminho.