Minha paixão pelo Rio de Janeiro nasceu aos 18 anos, quando pousei os olhos no Pão de Açúcar, vi o Cristo Redentor de braços abertos sobre a Guanabara, assisti à Maria Bethânia no Canecão e pisei pela primeira vez na areia de Copacabana. Foi amor à primeira vista por uma cidade que só conhecia das páginas das revistas e das imagens de TV em baixa definição. Nos anos que se seguiram ao primeiro encontro, fui descobrindo e me encantando com o espírito do Rio, a simpatia dos cariocas, o charme dos botecos, os detalhes que passam despercebidos aos olhos dos turistas.
Quando nasceu nosso primeiro filho, meu marido e eu achamos que o Rio não era uma cidade adequada para passar as férias com um bebê. Nos anos seguintes, multiplicaram-se as notícias de arrastões, balas perdidas, incêndios de ônibus, assaltos, chacinas. Com mais uma criança, fomos firmando a convicção de que o Rio se tornara inviável para nossa família e passamos a procurar em outras paisagens a segurança que a cidade mais bonita do Brasil não oferecia.
TEXTOFoto: Alexandre Macieira/ Riotur
Graças a uma viagem de trabalho, em 2008, redescobri o Rio, andei pelas ruas da Zona Sul como se estivesse no meu bairro em Porto Alegre e me convenci de que, por um medo bobo, estava privando meus filhos do contato com uma cidade extraordinária. No ano seguinte, aluguei pela internet um apartamento no Leblon e passamos duas semanas vivendo como cariocas, comprando pão e jornal pela manhã, caminhando na praia e seguindo o roteiro gastronômico elaborado por um amigo carioca a quem reencontramos depois de tantos anos.
Aproveitei o pretexto de apresentar o Rio "às crianças" para refazer o circuito das atrações óbvias: Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Lagoa Rodrigo de Freitas, Santa Tereza, Arcos da Lapa, Jardim Botânico, Barra da Tijuca. Não consegui companhia para o que a família considerou "programa de índio": voltar à Ilha de Paquetá. Aos 18 anos, meu filho se apaixonou pelo Rio. A irmã, então com 14 anos, descobriu o encanto das paisagens que só conhecia da TV em alta resolução. Meu marido elegeu as melhores praias do Brasil - as livrarias Argumento e Travessa.
De lá para cá, temos reservado uma parte das férias para "morar" por alguns dias no Leblon ou em Ipanema. Nunca em hotel, porque a graça está em comprar frutas na feira que em Ipanema transforma a Praça Nossa Senhora da Paz, cozinhar e receber amigos como se estivéssemos em casa. Orientados pelo Globo, vamos experimentando os sabores do Rio, conferindo as peças em cartaz, os shows, as sessões de autógrafos, o que se pode fazer, com chuva ou com sol, para aproveitar o que a cidade tem de melhor.
Foto: Mauro Vieira/ Agencia RBS
Três dicas
Vista chinesa - um recanto encravado na Floresta da Tijuca, de onde se tem uma das vistas mais espetaculares do Rio.
Urca - uma caminhada pelo bairro em que vive Roberto Carlos permite descobrir o que a maioria dos turistas desconhece porque só passa por ali a caminho do Pão de Açúcar.
Arpoador - Pode ser o maior clichê do Rio depois do Carnaval, mas ver o sol sumir atrás do Morro Dois Irmãos é um espetáculo que merece, sim, os aplausos que recebe.
Saiba mais
:: O Rio de Janeiro é o 19 º patrimônio da humanidade no país reconhecido pela Unesco, que divide sua classificação em bens culturais ou naturais. O Rio ganhou o título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural.
:: O Parque Nacional do Iguaçu, a Reserva Mata Atlântica e o Pantanal estão entre os locais destacados por suas paisagens naturais.
:: O centro histórico de Olinda, as ruínas de São Miguel das Missões e o plano piloto de Brasília também foram lembrados pela Unesco por sua relevância cultural.