Pedalar na Toscana é uma experiência inesquecível. Toda a região é favorecida por muitas opções de percurso e relevo: se a decisão é pedalar em terreno plano e à beira-mar, basta desfrutar do litoral próximo das cidades de Piombino, Grosseto ou Lucca. Mas se você estiver a fim do ar fresco das montanha e de locais históricos, a opção pode ser a subida de San Baronto, passando pela cidade de Vinci, onde nasceu o próprio Leonardo da Vinci, nos arredores de Florença.
Ainda para quem gosta de montanhas, mas sofre com a força da gravidade, uma dica de subida leve, mas bem longa, é, a partir de Grosseto, passar pelo Rio Ombrone e seguir rumo à cidadezinha de Scansano. São aproximadamente 80 quilômetros de subida até o Monte Amiata, o ponto mais alto da Toscana. O trajeto é todo em curvas, o que torna o percurso ainda mais interessante. Se você o fizer na primavera, vai encontrar pés carregados de cereja prontas para serem devoradas.
Além das cerejas, outro alívio para quem pedala é saber que, no centro de cada cidadezinha da Toscana - e são muitas, geralmente construídas no topo dos morros - há uma fonte de água fresca e potável. Um verdadeiro prêmio para quem sobe até lá.
Pelo relevo e pelas paisagens, que vão desde plantações de girassóis até videiras e oliveiras, a Toscana é um local muito visitado por cicloturistas de toda a Europa. Não importa a idade, com um carro de apoio, é muito comum encontrar grupos inteiros de suíços ou alemães pedalando pelas estradas.
Nos cinco anos que morei e competi no ciclismo profissional italiano, sempre morei na Toscana. Minha rotina era pedalar diariamente, uma média de 100 quilômetros. Em razão disso, conheci todos os cantos daquela região. Claro, estava lá a trabalho, e não como turista, mas acho difícil alguém ter tido um escritório melhor do que o meu!
Marcelo Sgarbossa é ex-ciclista profissional, integrante do movimento Massa Crítica e um dos organizadores do 1ºFórum Mundial da Bicicleta, realizado em Porto Alegre em fevereiro