No horizonte, o Oceano Ártico congelado por causa das temperaturas bem abaixo de 0ºC. Ao redor, montanhas cobertas de neve. O Polo Norte, um dos extremos do planeta, não é todo branco - serve também de palco para um dos mais belos fenômenos naturais: a aurora boreal.
O professor Nielson Modro viu ao vivo o show de luzes coloridas e brilhantes, que ocorrem em função do contato dos ventos solares com o campo magnético da Terra. Ele fez parte de uma expedição formada por 26 brasileiros de diferentes Estados do país, como Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Amazonas e Santa Catarina, que partiu para uma longa viagem de mais de 24 horas até Londres, depois Oslo, na Noruega e, enfim, Tromso, uma cidade de 70 mil habitantes localizada no Círculo Polar Ártico.
Modro descobriu a expedição ao acessar a página virtual de Daniel Japor, um advogado carioca e caçador de auroras boreais que trabalhou como consultor da Rede Globo no quadro Planeta Extremo, apresentado no Fantástico. Em princípio, o interesse em participar da viagem surgiu mais por causa do espírito de aventura do que pela aurora boreal.
- Imaginava que fosse algo como o pôr-do-sol ou um arco-íris - confessa.
Mas, logo que desembarcaram em Tromso, o grupo pôde avistá-la e teve a real dimensão do fenômeno.
- Deixamos as malas no hotel e saímos correndo. É indescritível. Vemos em foto, em filmes, mas não existe nada igual. Ela se movimenta como se dançasse no céu. É mágico - conta.
Os brasileiros descobriram que, naquele dia, a aurora boreal registrou atividade intensa - atingiu nível oito em uma escala que vai até 10. Na noite seguinte, o céu encoberto impossibilitou mais caçadas à auroras boreais, mas a sorte estava mesmo ao lado dos expedicionários brasileiros, que puderam avistá-la em todos os outros dias de viagem.
O grupo também se deslocou para Longyearbyen, a cidade mais ao Norte do mundo, no arquipélago de Svalbard, onde passaram os últimos dias da expedição. Lá, visitaram a caverna de gelo e conheceram a geografia e a cultura da tundra polar.
Além das caçadas à auroras, as cidades oferecem outras atrações turísticas para os aventureiros, que podem desfrutar da gastronomia local, com destaque para as carnes de alce e baleia, e esportes praticados na neve, como patinação e dogsled, os passeios de trenós puxados por cães.
Desafios no Ártico
A maior dificuldade, segundo Nielson Modro, é enfrentar o frio glacial. A sensação térmica chegou a -35ºC em alguns momentos. Além disso, as condições climáticas precisam estar favoráveis para o que o fenômeno possa ser apreciado.
- A aurora boreal ocorre a cem quilômetros de altura. Só pode ser vista quando acontecem explosões solares e o céu está aberto - explica.
O grupo deixava o hotel por volta das 21h para as caçadas, deslocavam-se de van por cerca de meia hora para lugares mais ermos e retornavam por volta das 2h. Era preciso ficar com os olhos atentos ao céu, à espera de qualquer sinal de que a aurora estivesse começando a se formar.
- Ela começa aos poucos e geralmente na cor verde. Também vimos em tonalidades vermelhas, roxas e até amareladas, o que indica um alto nível de atividade. Além disso, é inconstante, pode durar 15 minutos ou mais de uma hora - descreve.
A aurora boreal pode aparecer em vários formatos - pontos luminosos, faixas no sentido horizontal ou circulares. Porém, aparecem sempre alinhados ao campo magnético terrestre.
A dica de Modro para quem estiver interessado em embarcar nesta aventura é marcar a viagem em um período de setembro a março, quando é inverno lá e há pouca luminosidade. Por isso, também é preciso estar preparado para os dias sem ver a luz do sol.
Outro conselho é ficar de uma semana a 10 dias - assim, a chance de ver ao menos uma vez a aurora boreal é grande. Por fim, leve uma máquina fotográfica profissional, com uma ou duas lentes de qualidade para conseguir captar imagens do fenômeno natural.