Sim, é um clichê do tamanho do Mar Negro dizer isso, mas vamos lá: em Istambul, a fusão de culturas fica evidente em cada esquina, ruela, parque, restaurante ou templo religioso. Incrustada entre os continentes europeu e asiático, a antiga Constantinopla convive não só com essa mistura, mas também com água por todos os lados.
Se não tem exatamente praias deslumbrantes em seu centro, Istambul permite ao visitante passear pelo Estreito de Bósforo em barcos de onde dá para acompanhar o trabalho de pescadores, ver o tempo passar e ainda curtir o visual desta localidade que tem muita história para contar.
Tudo em Istambul é velho. Não o "velho" de acabado, estragado, mas o de antigo, respeitável. Imponente. Onde mais você se depara com um obelisco marcando o local onde funcionava o hipódromo há uns 1,4 mil anos? Um pouquinho ali para a frente, você vê uma fila enorme para entrar numa espécie de fossa pública secular.
A aglomeração parece estranha, mas se justifica. O pessoal quer é conhecer a Cisterna da Basílica, construída pelo imperador Justiniano em 532 d. C. e que um dia canalizava a água do Mar Negro por mais de 20 quilômetros de aquedutos. Muito bom para aliviar o calor em tempos de verão a 35°C.
Há disputa também para observar a estátua da Medusa de Lado - e ninguém sabe explicar ao certo o porquê de ela ter sido construída de cabeça para baixo. Tudo isso fica na região do Sultanahmet, o bairro mais histórico (e por isso, o mais turístico) de Istambul. Lá estão as atrações mais visitadas da cidade: a Mesquita Azul ( que de azul, externamente, não tem nada), a Santa Sofia (ou Aya Sofia) e o Palácio de Topkapi.
Para visitar de forma decente os três locais, o turista precisa de pelo menos dois dias. A Santa Sofia foi construída por Justiniano ( o mesmo da cisterna) no século 6 ( logo ali, né?). Atualmente, o local passa por obras de restauração, o que pode tornar a visita meio decepcionante.
Mas lá dentro dá para ter uma ideia do que eram a arquitetura e os valores religiosos de tempos muito distantes: painéis, capelas, bustos, quadros e fontes contam um pouco da história turca.
Templos surpreendem quem só conhece o Ocidente
Talvez até mais interessantes do que o próprio interior da Santa Sofia são os arredores. Logo à frente está o Parque de Sultanahmet, com fontes e canteiros de flores lindos. Do local é possível fazer fotos maravilhosas tanto da Santa Sofia quanto da Mesquita Azul, que fica no lado oposto, mais ao sul. É, sem dúvida, um choque cultural bem forte para quem está acostumado a visitar apenas catedrais e castelos ocidentais.
Para entrar na Mesquita Azul, outro cartão-postal de Istambul, é preciso tirar os sapatos e usar calças compridas. Mulheres devem cobrir o rosto com um manto. Nos meses de junho a setembro, o pico da alta temporada, algumas áreas da mesquita são restritas aos fiéis. Uma vez dentro do templo, atente para as janelas de vidro e para os azulejos, que criam efeitos de luz bem curiosos.
Um pouco mais atrás da Santa Sofia, está o Palácio de Topkapi, construção iniciada por Mehmet após a tomada de Constantinopla (1453). Desde então, várias histórias de sultões, monarcas e governantes excêntricos tiveram como cenário o Topkapi. Foi aqui que, em 1574, Selim, o Ébrio, morreu afogado depois de ter bebido muito champanhe. Também nesse lugar, Ibrahim, o Louco, perdeu a sanidade mental ao ficar quatro anos trancado em uma jaula - antes de morrer, em 1648. O palácio é dividido em quatro grandes áreas.
Além de fontes, esculturas, jardins exóticos, haréns e salas recheadas de tesouros ( como a espada e o manto do profeta Maomé) e armas, o local oferece algumas das mais belas vistas de Istambul, tanto do lado europeu quanto do asiático. Isso porque o prédio foi erguido às margens do encontro das águas do Mar de Marmara e do Estreito do Bósforo.
Em seus tempos áureos, o palácio chegou a abrigar 4 mil pessoas.
Em Istambul
- Para comer bem, além dos milhares de restaurantes do Sultanahmet, você pode dar um pulo nos cafés da região de Galata, do outro lado do Chifre de Ouro.
- Outras comidas típicas de Istambul ( e da Turquia como um todo) são os frutos do mar, os vegetais de todos os tipos e os doces conhecidos como " delícias turcas".
- Kebab na Turquia, ao contrário daquele monte de carne enrolado num pão-folha que comemos no Brasil, pode ser servido em espetos, picado ou mesmo num prato, como uma refeição.
- O fuso horário da Turquia é de cinco horas a mais do que o horário de Brasília.
- De Istambul dá para fazer vários passeios de um dia pelas imediações. Os mais legais são uma excursão até o Mar Negro, cerca de 30km ao norte e onde começa o Bósforo, braço de mar que banha a cidade.