Cerca de 30 minutos de balsa ou lancha separam São José do Norte do município de Rio Grande, no sul do Estado. Com lagoa de um lado e oceano de outro, a cidade possui cerca de 120 quilômetros de extensão e há alguns anos vem investindo em opções para atrair turistas. Além do roteiro histórico, quem viaja para o Litoral Sul durante o verão também pode visitar os molhes, restaurantes de frutos do mar, campings e torre de observação.
São José do Norte também pode ser acessado pela BR-101 – são aproximadamente 350 quilômetros de distância de Porto Alegre. Mas quem está na região Sul precisa utilizar o transporte hidroviário, que agrega ao passeio belas paisagens de uma perspectiva diferente. A dica para quem visitar o município é retornar para Rio Grande na balsa (para carros) ou na lancha (apenas passageiros) das 19h para poder curtir o visual único oferecido pelo pôr do sol.
O desembarque ocorre no centro histórico de São José do Norte, então, já é possível aproveitar para conferir algumas das construções datadas do início do século 19. A Igreja Matriz de São José está localizada em frente à praça Intendente Francisco José Pereira e foi construída entre 1800 e 1820, com materiais trazidos de Portugal. O roteiro produzido pela prefeitura do município indica as demais casas e prédios a serem conhecidas.
Praia do Barranco
A cerca de 20 quilômetros do centro da cidade, está a Praia do Barranco, formada pela água doce e calma da Lagoa dos Patos. Uma das grandes atrações do local é o Restaurante Beira da Lagoa, que oferece grande variedade de frutos do mar. O local funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 18h.
Proprietárias do restaurante, as sócias Cristiane Simão Gautério, 49 anos, e Zenilda Duarte Gautério, 60, explicam que o estabelecimento existe há mais de duas décadas e que o espaço foi aumentando com o passar do tempo. Atualmente, cabem 117 pessoas, e ainda há áreas externas. Semanalmente, elas recebem até 500 clientes — número que aumenta em datas como Ano-Novo e Carnaval.
— Período mais forte é o de férias, aí durante a semana vem muito turista. Vem gente de Tavares, Mostardas, Taquara, Igrejinha — conta Cristiane, enquanto Zenilda acrescenta os visitantes de São Paulo, Santa Catarina e “tudo quanto é lugar”.
O diferencial do restaurante é o sabor caseiro, afirmam as proprietárias. Elas também garantem que a “fama” do local se deu graças à indicação das pessoas que visitam.
— Eu sou a cozinheira geralmente e ela cuida das frituras. É tudo bem sequinho, pessoal adora. E a gente só faz comida na hora. Tudo é feito um por um, é um trabalho artesanal. Nós servimos de tudo: espetinho de camarão, que é o mais pedido, todo mundo adora, camarão à milanesa, camarão grelhado na manteiga, torpedinho de siri. Pode ser porções ou sequência — cita Zenilda.
No entorno do estabelecimento, há um balanço para fotos e quatro cabanas para acampar — esses espaços foram criados por Cristiane e são bastante procurados durante o verão. Já dentro da água, redes garantem o descanso dos turistas. Seguindo pela beira da praia do Barranco, também é possível acessar o Camping Recanto da Lagoa, que há 10 anos recebe visitantes de diferentes lugares do Estado.
Praia do Mar Grosso
Já a praia do Mar Grosso, de água salgada, fica a menos de 10 quilômetros do centro de São José do Norte. Na extensa faixa de areia, os turistas podem utilizar quadras esportivas e quiosques de madeira fixos. De acordo com o assessor especial de Turismo do município, Alex Sandro Souza, o local é bem procurado para a prática de esportes náuticos, como o surf.
Quem for até lá também pode provar frutos do mar no tradicional Restaurante Atalaia, que oferece diferentes opções gastronômicas nesse ponto há cerca de 50 anos. O proprietário Luiz Carlos Machado, mais conhecido pelo apelido de Suíça, afirma que são servidas porções de petiscos e rodízio de frutos do mar. O estabelecimento funciona todos os dias, das 11h às 21h.
Na frente do restaurante, a prefeitura está reformando um escritório de atendimento ao turista, uma casa de artesanato e um banheiro público.
— Perto daqui, nós temos o que o pessoal chama de prainha dos Molhes, que é usada para pesca, para banho e uso de jet-ski e lancha. Já a raiz dos Molhes é mais para pesca e esportes náuticos — comenta Alex Sandro.
Nessa mesma região de São José do Norte, é possível conhecer os Molhes da Barra. Com 4,2 quilômetros de extensão, foram construídos no período de 1911 a 1915 pela Companhia Francesa do Porto do Rio Grande do Sul. A estrutura é formada por quatro milhões de toneladas de gigantescos blocos de pedras, que oferecem uma bela paisagem aos visitantes, principalmente no final da tarde.
De acordo com a prefeitura, ao final dos molhes, podem ser encontrados lobos e leões marinhos — razão pela qual o município criou o Refúgio de Vida Silvestre (Revis), em 1996. Diferentemente dos Molhes da Barra de Rio Grande, contudo, o de São José do Norte não conta mais com trilhos ou passeio de vagonetas.
Perto dali, está a torre de observação Atalaia, que foi construída em torno de 1820 e desativada em 1972. Erguido em alvenaria e ferro, com a escadaria interna em madeira, o prédio tem 28 metros de altura, divididos em três pavimentos. No topo da torre, é possível visualizar o mar, parte do município de São José do Norte e a cidade de Rio Grande.
Alvacir Tomaz da Costa, o Magrão, é o responsável por cuidar da torre e guiar aqueles que desejam visitá-la — é possível contatá-lo pelo número (53) 99953-0916. O zelador explica que a Atalaia era utilizada por práticos, que são os profissionais encarregados de colocar e tirar os navios de dentro dos portos. Também comenta que a Praticagem está com um projeto para criar um museu no local.
— Tinha um mastro de 10 metros de altura aqui. E aí ficava um homem aqui em cima, que observava com binóculo se vinha navio do Norte ou do Sul. Se o navio colocava direção para a Barra de Rio Grande, aí içava uma bandeira e avisava a outra torre, em Rio Grande. Pegava a lacha com o prático e ia para o oceano esperar o navio — relata Magrão.
Investimentos em turismo
De acordo com Alex Sandro, São José do Norte conta com 381 leitos, distribuídos entre 19 pousadas e um hotel. Há três restaurantes específicos de frutos do mar e estabelecimentos que servem outros pratos, como bares e pizzarias.
Além do turismo de pesca, que é forte na localidade de Bojuru, o turismo religioso também atrai muitos visitantes, acrescenta a secretaria municipal do Turismo, Esporte e Lazer (SMTEL), Daiane Gautério Pereira:
— As pessoas procuram muito a cidade por isso. Nas localidades das Capivaras e do Passinho tem as grutas de Nossa Senhora de Fátima e de Nosso Senhor do Bom Jesus. No Barranco, tem a de Nossa Senhora dos Navegantes. Também temos a festa de Iemanjá e Navegantes, em 1º e 2 de fevereiro, então muitas pessoas vêm ao município nesse período.
Nos últimos anos, a estimativa de público para a festa de Navegantes tem sido de 25 mil pessoas a mais no município — são cerca de 28 mil moradores.
— A gente acredita que o turismo de São José do Norte já avançou bastante e que vai mexer muito com a economia do município — enfatiza Daiane.
Alex também aponta que há investimentos na estrutura do município para o turismo, como o desenvolvimento de ações de acessibilidade, de acesso aos locais e de formação de pessoas.