Um destino para quem gosta de história, tranquilidade, contato com a natureza e novas experiências: assim pode ser definida a Ilha dos Marinheiros, em Rio Grande, no sul do Estado. A cerca de 30 quilômetros da região central do município, o território é banhado pela Lagoa dos Patos e pode ser acessado após a passagem de duas pontes – também é possível chegar de barco. Para quem sai de Porto Alegre são 310 quilômetros de distância, um trajeto de aproximadamente quatro horas.
Com ruínas da arquitetura colonial portuguesa, a ilha oferece diferentes opções gastronômicas e de lazer. Para dar a volta em todo o território, é preciso percorrer 32 quilômetros. Na chegada, ao seguir pela direita, a primeira parada é o Camping Kiosk: um amplo terreno, com restaurante, churrasqueiras, quiosques, banheiros e acesso à Lagoa das Noivas.
Reginaldo Gago Marques, proprietário do empreendimento, comenta que recebe pessoas de lugares como Argentina, Paraguai, Uruguai, Alemanha e Holanda. O local é bastante procurado por famílias — são cerca de 30 grupos diariamente e mais de 80 carros por final de semana. Para passar o dia, a entrada custa R$ 50 por veículo. Já para acampar com barracas, o valor da diária é de R$ 70.
— Aqui é uma água parada, limpinha, somente água da chuva. Toda chuva que cai no centro da ilha vem parar aqui. Eu sou natural da ilha e vi no turismo uma forma de crescer. O futuro é o turismo — afirma Reginaldo, que administra o camping junto da esposa, Luciana Terezinha Silva Marques.
A parada seguinte fica bem perto e atrai muitos visitantes: trata-se do Recanto Nossa Senhora de Lourdes. Nos fundos do terreno, há imagens da santa e da menina Bernadete, que teria presenciado sua aparição. O local lembra um grande jardim e é mantido pelos moradores da ilha.
De acordo com Pâmela Fossati, turismóloga da Secretaria de Município de Desenvolvimento Inovação e Turismo de Rio Grande, as imagens foram produzidas por Érico Gobbi, um escultor rio-grandino que doou as obras de arte para a Ilha dos Marinheiros. O espaço conta ainda com uma réplica da casa onde Bernadete viveu.
Eu sou natural da ilha e vi no turismo uma forma de crescer.
REGINALDO GAGO MARQUES
Proprietário do Camping Kiosk
— Aqui ocorriam os festejos. Agora, como não tem mais tanto jovem morando na ilha, eles não seguiram com as comemorações nas capelas. Mas sempre tinha muitos fiéis vindo para homenagear a santa e muitas festas e procissões — relata Pâmela, acrescentando que o local existe desde 2002.
Caseiro do local, João da Silva dos Santos, mais conhecido como Seu Joca, explica que o recanto fica aberto diariamente, das 8h ao meio-dia e das 14h às 20h. Contudo, destaca que o movimento é mais intenso aos finais de semana, principalmente nos domingos, quando o número de visitantes da lagoa aumenta.
Bem ao lado do recanto, há um outro acesso à Lagoa das Noivas — este é liberado para pedestres, sem cobrança. Após a subida de uma lomba de areia, é possível visualizar a água calma. A turismóloga comenta que muitas pessoas acampam e fazem churrasco no local durante o verão.
Do outro lado da rua, os visitantes podem conferir o Marco Porto do Rey. A placa do monumento esclarece que o mesmo foi feito em homenagem ao imperador Dom Pedro II, “que em 1845 visitou a Ilha dos Marinheiros, e este local, onde aportou a embarcação que o conduzia, ficou conhecido como Porto do Rey”.
Produções locais
No Delícias da Ilha, os visitantes do território podem provar diferentes opções de lanches e pratos tradicionais da região, como a cocada gelada. Segundo Pâmela, o local oferece “o melhor pastel de camarão que existe”. O estabelecimento funciona aos finais de semana e feriados, das 7h às 19h.
Proprietária do local, Lucimar de Paulo e Silva, 52 anos, afirma que o movimento está forte em função do aumento da água da lagoa e que recebe muitas pessoas de outros municípios, como Santa Vitória do Palmar, Dois Irmãos, Camaquã e Pelotas.
— A maior procura é pela salada de frutas e pela cocada gelada. Os pastéis de camarão e de siri também são tradicionais. Mas a tradição mesmo é a culinária portuguesa, aquele molho meio apimentadinho, as cocadas, as ambrosias, o sagu. A receita da cocada foi eu mesma que lancei, há cinco anos, e ela é bem procurada. É cremosa, no potinho — descreve Lucimar.
Mais adiante na ilha, é possível conhecer a agroindústria familiar produtora de jeropiga — bebida tradicional de Portugal, que é considerada patrimônio imaterial de Rio Grande. O empreendimento chamado Tradição da Ilha é administrado por Hermes da Silva Dias, 57 anos, sua esposa, Rosangela Maria da Costa Dias, 57, e o filho Gabriel da Costa Dias, 28.
O jovem explica a diferença entre a produção do vinho e da jeropiga, ressaltando que, às vezes, se sente uma graduação alcóolica um pouco mais alta na bebida típica de Portugal:
— A jeropiga é feita com a uva, antes da fermentação do vinho. O vinho, quando a gente amassa a uva, ele vem para dentro desses tanques e fica três dias fermentando, então todo o açúcar da uva vai se transformar em álcool. A jeropiga, quando uva cai aqui, a gente já separa esse líquido adocicado da uva, vai para dentro de uma pipa dessas maiores, com adição de graduação alcóolica e depois passa pelo envelhecimento.
Ao visitar o local, é possível conhecer a área de produção e os parreirais. No terreno, há ainda uma plantação de girassóis e uma horta. A família também oferta uma espécie de café colonial para quem agenda uma visitação pelo empreendimento.
— Aqui a pessoa vai provar, vai comprar. E se não quiser comprar, vai só provar. Mostramos a parte de produção em visitas agendadas. Já temos um grupo para fevereiro — aponta Hermes.
Os passeios podem ser agendados pelo Instagram ou pelo número (53) 99134-1263.