Sentado em uma cadeira de praia, Max Douglas da Silva Pereira, 29 anos, dividia sua atenção entre cinco espetos distribuídos sobre uma churrasqueira recém adquirida. Atrás dele, as ondas quebravam na beira da praia de Tramandaí, no Litoral Norte, e o céu repleto de nuvens escuras ameaçava atrapalhar o almoço do grupo instalado com guarda-sóis na faixa de areia.
Esta reportagem faz parte da série A Praia de Cada Um, que conta como pessoas de diferentes perfis aproveitam o litoral gaúcho. Veranistas e moradores da região compartilham suas preferências e o que a praia representa em suas vidas.
Era manhã de domingo, 15 de janeiro, por volta das 10h30min. Antes disso, a chuva forte já tinha caído nas proximidades da guarita 148, quando Pereira começou a preparação para o churrasco, espetando as carnes. Aquela era sua estreia como assador na beira da praia após uma viagem de cinco horas até o litoral gaúcho.
De Candelária, o grupo formado por 17 pessoas, entre adultos e crianças, saiu do município do Vale do Rio Pardo por volta de 1h e chegou em Tramandaí depois das 6h para passar o dia.
— Vamos voltar hoje mesmo. É só para curtir o dia e chegamos em um dia ruim ainda. Mas tem que aproveitar igual, não adianta. A gente sempre trazia o churrasco pronto nas viagens, daí dessa vez decidimos assar na beira da praia mesmo — contou.
A turma que estava com Pereira era composta por colegas de serviço com seus companheiros e filhos. Em Candelária, todos trabalham como gari e, anualmente, programam juntos uma viagem de final de ano. A ida para Tramandaí foi planejada com quase dois meses de antecedência, conforme o assador, que é o responsável oficial pelos churrascos do grupo.
Apesar do tempo fechado, o gari garantiu que a experiência de preparar a carne na beira da praia foi boa e que o imprevisto da chuva não atrapalhou.
— É bom, junta as duas coisas que eu gosto. E já estou acostumado a assar, qualquer festinha sou eu, só que aqui tem que trazer um monte de coisa — disse Pereira, apontando para os três coolers em sua volta.
Para ir até Tramandaí, o grupo alugou uma van e também foi necessário um carro. As carnes — gado, porco, salsichão e frango — foram compradas na véspera, assim como a churrasqueira. Pereira explicou que o domingo é o único dia de folga dos garis, por isso, não poderiam voltar muito tarde para Candelária.
Em 2022, a “excursãozinha”, segundo o gari, foi para Torres, mas a distância não foi aprovada pelos colegas, que consideraram a viagem muito cansativa.
— A gente sempre se reúne. Quando dá, a gente pega uma carnezinha e faz, somos colegas de emprego e amigos. E vale a pena vir, mesmo que só para passar o dia, porque temos que aproveitar, só trabalhar também não adianta — ressaltou Pereira.