Os numerosos desenhos pretos sobre a pele de Daisy Quadros, 22 anos, contrastavam com a manhã de céu azul e sol forte na beira da praia de Tramandaí, no Litoral Norte. Boné e óculos escuros protegiam o rosto, que também conta com tatuagens — as palavras “abençoada” e “artista”, escritas em inglês, são duas delas e aparecem logo acima da sobrancelha direita e na bochecha esquerda, respectivamente.
Esta reportagem faz parte da série A Praia de Cada Um, que conta como pessoas de diferentes perfis aproveitam o litoral gaúcho. Veranistas e moradores da região compartilham suas preferências e o que a praia representa em suas vidas.
Passava das 9h quando a cabeleireira, moradora de Cachoeirinha, chegou à beira acompanhada de duas amigas. Estava ali para aproveitar a praia do jeito que mais gosta: é do time que prefere ficar na areia, aproveitando o sol.
— Às vezes, eu entro no mar, mas não sou muito. Sou mais do sol e da areia. E aproveito bastante, normalmente só saio daqui no final do dia ou para almoçar — ressaltou Daisy.
Todos os anos, a jovem vai para a praia e quase sempre escolhe Tramandaí, porque é uma das cidades do Litoral Norte mais próximas de Cachoeirinha. Também costuma intercalar semanas de folga perto do mar com os típicos “bate e volta” até acabar o verão. Às vezes, aluga uma casa, mas tem preferência por acampar com barraca em campings do município.
— Gosto mais do que alugar. É mais barato e acho mais legal, porque gosto bastante de ter contato com a natureza. Venho sozinha ou com minha família, que também gosta bastante de acampar, então eu tenho parceria — afirmou.
Além da proximidade com o município da Região Metropolitana, onde mora e trabalha, Daisy destacou que curte Tramandaí e que não tem nada contra o litoral gaúcho, conhecido pelo mar chocolatão.
Quando está na praia, a cabeleireira precisa reforçar os cuidados com as tatuagens: passa muito protetor solar e, depois, hidrata a pele com frequência. Ela relatou que a primeira foi feita quando tinha apenas 14 anos, era o desenho de uma câmera pequena, no pulso, que já foi coberta por uma arte maior e mais escura. Também apontou sua preferida até agora: a mandala que se estende por todo o pescoço e pelo colo.
Nesta época do ano, contudo, é quando não costuma fazer novas tatuagens — o recomendado é que não haja exposição ao sol logo depois, por isso, sempre espera a chegada dos meses de temperatura amena ou fria.
— Mas pretendo seguir fazendo enquanto tiver espaço. Tem vezes que faço umas três no mês e tem mês que não faço nenhuma. Agora tenho investido em trabalhos maiores, antes eu fazia mais das pequenininhas — disse, ressaltando que costuma focar no fechamento dos espaços livres e que, depois que concluir a tatuagem da barriga, fará nas pernas.
Mesmo com a necessidade de uma pausa nas tatuagens durante o verão, Daisy destacou que a praia lhe traz leveza e a boa energia necessárias para se desconectar da rotina intensa da cidade:
— Quando estou na praia, me sinto leve. Normalmente, deixo o peso do trabalho e os problemas de lado, me renovo. A praia é um refúgio, às vezes tudo o que preciso é pé na areia, caipirinha e visão do mar.