A forte relação de Ricardo Beskow da Costa, 36 anos, com a água começou ainda na infância, já que foi criado na beira do Guaíba. Naquela época, era morador do bairro Belém Novo, na zona sul de Porto Alegre. Filho de pescador, aprendeu a nadar muito cedo e costumava acompanhar o pai nas pescarias. Também visitava com frequência os familiares que tinham casa no litoral gaúcho e, aos seis anos, já surfava em Tramandaí, no Litoral Norte.
Esta reportagem faz parte da série A Praia de Cada Um, que conta como pessoas de diferentes perfis aproveitam o litoral gaúcho. Veranistas e moradores da região compartilham suas preferências e o que a praia representa em suas vidas.
Logo após o Ensino Médio, Costa decidiu se mudar para Imbé para seguir sua vida perto da água. No município litorâneo, fez o curso de guarda-vidas civil e, desde 2014, trabalha com algo que lhe realiza profissionalmente em um ambiente que sempre amou: a praia.
— A praia, para mim, é minha vida, é tudo de bom. Eu preciso estar em contato com a praia, com a natureza, então, procuro entrar no mar, surfar e treinar no inverno e no verão. É como se fosse minha casa — destacou o guarda-vidas, em meio a um turno de trabalho em Tramandaí.
Em seu primeiro ano como guarda-vidas, ele atuou em Capão da Canoa. Depois, passou cinco anos trabalhando em Imbé e, em seguida, foi transferido para Tramandaí. Em 2022, também teve a experiência de atuar como “nadador-salvador” em Portugal.
Formado em Educação Física, o gaúcho contou ainda que atua como professor de natação e de surfe durante o ano, mas garantiu que se encontrou na profissão de guarda-vidas:
— Sempre admirei o trabalho dos guarda-vidas, então, quando soube que poderia fazer o curso, me interessei bastante. Para mim, ser guarda-vidas aqui é muito bom, pois é um trabalho gratificante e bem especial. É um prazer estar aqui na beira da praia, cuidando das pessoas e fazendo esse trabalho. Eu me sinto realizado.
Segundo Costa, a ideia é seguir com a atividade enquanto tiver energia e disposição. O guarda-vidas explicou que trabalha meio turno e que a rotina costuma ser bem variada: tem dias que o mar está revolto e, em outros, mais calmo, assim como momentos em que o movimento é intenso beira da praia e, em outros, menor. Contudo, os salvamentos acontecem inclusive quando o mar está tranquilo, pois as pessoas costumam se aventurar mais.
— Temos que estar sempre atentos para fazer as prevenções e evitar salvamentos ou resgates, porque até mesmo em um resgate simples a pessoa pode ficar traumatizada e não querer mais voltar para a praia. E não é isso que a gente quer, queremos que a população venha, tome seu banho tranquilamente e volte para casa com a melhor impressão possível do Litoral — enfatizou.
O guarda-vidas relatou que já participou de vários salvamentos, mas um dos mais marcantes foi o que fez em seu primeiro dia de trabalho, em Capão da Canoa. Na ocasião, resgatou um pai e uma filha.
— Eles estavam em uma área distante da guarita, o pai estava segurando a filha. Eu fui o primeiro a chegar e foi bem marcante, porque o pai já estava sem forças. Ele saiu em grau quatro de afogamento, foi para o hospital e acabou sobrevivendo. Aquilo mexeu bastante comigo e, desde então, entrei de corpo e alma no salvamento aquático — finalizou.