Bastou uma virada de chave na ignição para que o tradicional ronco do motor do Fusca ano 1995 preenchesse o pátio do quartel do Corpo de Bombeiros de Osório, no Litoral Norte. O Volkswagen pintado de vermelho, com detalhes em amarelo na lataria, é a viatura mais antiga do local. Já aposentado das atividades administrativas, ele ainda aparece em desfiles e formaturas e é considerado uma relíquia entre os profissionais da região.
De acordo com o tenente Valdecir Ambrósio, comandante do Corpo de Bombeiros de Osório, o quartel foi fundado em 1980 e, até 1995, não tinha adquirido nenhuma viatura nova. Originalmente branco, foi o primeiro veículo zero quilômetro do quartel, graças a uma doação da prefeitura do município.
Entretanto, não chegou a ser uma viatura de socorro e foi usado para funções administrativas. Também foi utilizado para o transporte dos guarda-vidas entre o alojamento e as guaritas nas praias do litoral gaúcho. Pelos 27 anos de bom funcionamento, desperta o apego dos bombeiros e da população, que gosta de tirar fotos junto quando ele está exposto em algum local.
— Na época, era um carro que tinha uma qualidade boa. Claro que hoje a tecnologia foi avançando e ele foi ficando para trás. Mas igual temos um apego por essa viatura, é uma relíquia, é histórico. E mantemos ela cuidada — afirma o tenente.
Hoje não é mais usado para o transporte dos guarda-vidas porque todos os agentes da área são civis temporários e não têm autorização para dirigir as viaturas do Corpo de Bombeiros.
Ao apresentar o Fusca para a reportagem de GZH na manhã desta terça-feira (27), o tenente destacou sua estética bem conservada, ressaltando que o veículo nunca fica exposto à chuva, por exemplo, para ser mantido com uma boa aparência. Há poucos anos, o carro recebeu manutenção e a lataria foi totalmente repintada.
— É uma viatura que ainda está em condições. Se quiser, pode andar. Se hoje desse alguma ocorrência e não tivesse nenhuma outra disponível, poderia usar o Fusca sem problemas, mas a gente sempre prioriza utilizar aquelas com mais recursos e deixar ele mais reservado — aponta Ambrósio.
Segundo o tenente, o quartel conta com um caminhão, três viaturas de diferentes modelos e uma ambulância doada recentemente, que ainda não está em atividade. Ele explica que o quartel não investe mais recursos no Fusca, mas optou por conservá-lo. Com o prefixo 2024, o ele é quase todo original, exceto pela mudança da cor e pela instalação da antiga sirene.
O carro é sempre utilizado nos desfiles de Sete de Setembro e 20 de Setembro e também costuma ser emprestado para outros pelotões desfilarem, como o de Tramandaí e o de Torres. Nas formaturas, o veículo é colocado em um local de destaque, como “uma recordação do passado”, e chama a atenção das pessoas:
— Quando ocorrem formaturas ou reuniões de outros quarteis, sempre expomos ele na frente, e o pessoal gosta de tirar foto. Chama bastante atenção. Se andar na cidade com ele, todo mundo fica olhando e admirando, porque é raro hoje em dia.
O apego é tamanho que tanto o tenente quanto outro colega decidiram incluí-lo em momentos especiais: algumas fotos do ensaio de gestante da esposa de Ambrósio foram feitas no quartel, em frente ao Fusca, enquanto outro colega fez o ensaio de formatura junto ao veículo.