Quando o bombeiro de Pelotas Leonel Estanislaw, 27 anos, chegou ao Litoral Norte para cumprir sua missão como guarda-vidas, estranhou um pouco quando disseram qual veículo faria o seu transporte entre o alojamento e a guarita de trabalho em uma lagoa de Cidreira: um Fusca com mais de duas décadas de uso.
Ao sair às ruas pela primeira vez com o "siri", como é carinhosamente apelidado pela guarnição o Volkswagen todo vermelho, com uma sirene de modelo antigo no topo, ficou duplamente surpreso: além de confiável para circular, o crustáceo rubro de quatro rodas chama a atenção dos veranistas por todo lugar onde passa — principalmente da criançada.
— O Fusca nunca nos deixou na mão, é bem ajeitado, e uma sensação entre o pessoal na praia. Toda hora pedem para tirar foto, até quando a gente está parado na sinaleira. A gente já anda mais devagar com ele, que é para deixar as pessoas olharem, curtirem e tirarem as fotos — conta o soldado Estanislaw, ao lado do colega Clímaco da Mota, 35 anos.
O guarda-vidas costuma colocar uma brincadeira em prática quando mais alguém se aproxima pedindo para fazer outra fotografia com uma das viaturas mais peculiares da Operação Golfinho:
— Só não usa o flash — pede, com ar sério.
— Por quê? — geralmente questiona o veranista.
— Para não arranhar a pintura — devolve o guarda-vidas, dando risada.
O automóvel ano 1995 pertence ao quartel-general de Osório, mas no momento é utilizado em Cidreira. Estacionado no chamado Cantinho da Lagoa, um balneário de água doce, já virou ponto de parada para as crianças, que pedem para olhar o veículo de perto.
Rafael dos Santos, 10 anos, e Mateus Felipe Ody, oito, olharam o carro por dentro e por fora. Mas gostaram mesmo quando puderam acionar por um segundinho a sirene da viatura.
— Mas que barulho alto — espantou-se Mateus, enquanto espiava o interior do siri de metal do litoral gaúcho.