Inaugurado na década de 1980 e palco de grandes shows nacionais, o Ginásio Tenente Marino Dias de Oliveira, localizado no centro de Tramandaí, no Litoral Norte, não recebe público há mais de dois anos. Agora, a prefeitura estuda como alternativa para a restauração da estrutura a realização de uma Parceria Público-Privada (PPP), por meio de processo licitatório.
O município informa que já há uma empresa, com sede em outra cidade, que tem interesse na parceria e deve encaminhar um projeto para o local até o final de março.
Em 2020, o local foi interditado pelo Corpo de Bombeiros após a constatação de problemas estruturais, mas, antes disso, já havia uma restrição das atividades por conta da pandemia. O ginásio era utilizado não só para as práticas esportivas e realização de eventos, mas também funcionava como um centro cultural. Ali era onde operava a biblioteca municipal e o acervo de arquivos históricos.
No ano seguinte à interdição, dois temporais, registrados em um intervalo de dois meses, aumentaram os problemas do Gigantinho – como é popularmente conhecido pelos moradores de Tramandaí. Parte do telhado foi arrancado pelo vento e cresceu o número de janelas quebradas. Conforme a Secretaria Municipal de Turismo, o vandalismo também contribuiu para aumento os danos.
Na parte interna, há problemas na fiação elétrica e algumas vigas apresentam danos estruturais. Por conta disso, não é permitido o acesso ao ginásio.
Enquanto não há uma definição sobre o avanço ou não da parceria, o município está realizando algumas obras pontuais. Novas telhas foram colocadas e a calha deve também ser restaurada.
— Estamos abrindo também uma licitação para a compra de materiais que serão utilizados para restaurar as vigas do centro cultural. Se a PPP não evoluir, estamos planejando para o mês de maio realizar a pintura e a recuperação dos vidros — afirma o secretário de Turismo, Rojoel Amaral.
A ideia da prefeitura é, nesta etapa de recuperação dos vidros, é eliminar algumas janelas e colocar tapumes, em processo semelhante ao que foi feito no Gigantinho (no caso, o ginásio do Inter, em Porto Alegre).
Mudanças no entorno
Além da restauração interna e externa, a Secretaria Municipal de Turismo projeta uma recuperação do jardim localizado em frente ao ginásio. A ideia é fazer um projeto em que o espaço seja melhor aproveitado pela comunidade.
Na mesma quadra, em frente a Avenida da Igreja, fica o camelódromo de Tramandaí. A empresa interessada na PPP já teria sinalizado uma remodelação também do centro de compras. No entanto, a prefeitura ainda não realizou o debate com o setor.
— Primeiramente, vamos aguardar o andamento e a viabilidade deste processo que está analisado (realização da PPP). A partir disso, iremos dialogar com a presidência do camelódromo, como fizemos anteriormente com os quiosqueiros que estão na orla — explica o prefeito em exercício de Tramandaí, Flavinho Corso.
Patrimônio de Tramandaí
Quando foi inaugurado em 1983, o ginásio tinha como proposta ser um centro cultural que reuniria diferentes atividades. Ao longo do tempo, grandes eventos esportivos e musicais foram realizados. No auge das atrações, o local chegava a receber 17 mil pessoas.
O último grande show ocorreu em 2015, mas depois, com o aumento da preferência do público por eventos a céu aberto, o ginásio acabou sendo deixado de lado. No entanto, outras atrações seguiram sendo realizadas, como competições esportivas e de dança.
Além disso, o espaço foi projetado para sediar a Biblioteca Municipal Manoelito de Ornellas e o Museu Municipal, pois, inicialmente, ambos funcionariam no local. Com o tempo, apenas a biblioteca permaneceu até a data da interdição. Mesmo sem poder funcionar, o acervo segue em uma das salas.
— Lá no início, o ginásio foi pensado para ser um grande centro cultural integrado. No entanto, ao longo dos anos foram tantas questões de manutenção e problemas estruturais, que a ideia acabou não sendo possível — afirmou a bibliotecária do município, Grazieli Demoliner.
Também funcionavam na estrutura o almoxarifado da Secretaria Municipal da Saúde e a confecção de carteiras de identidade pelo Instituto-Geral de Perícias. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Cândido Osório da Rosa, que divide espaço com o ginásio, segue funcionando, mas também sem acesso ao interior do local.