As tradicionais homenagens a Iemanjá no litoral norte gaúcho, que costumavam ocorrer em 2 de fevereiro, não terão apoio das prefeituras — os eventos foram cancelados por conta do avanço da covid-19. No Litoral Sul, ao contrário, a prefeitura de Rio Grande planeja acolhida diferenciada aos caminhantes no Balneário Cassino.
Já a Federação Afro Umbandista do Rio Grande do Sul (Fauers) não deixará a data passar em branco nas praias. Nesta quarta-feira (2), a partir das 8h, integrantes da Fauers sairão em carreata com a imagem de Iemanjá da praia do Paquetá, em Canoas, e percorrerão sete praias do Litoral Norte, num trajeto de mais de oito horas. A carreata com os fieis passará, nesta ordem, por Balneário Pinhal, Cidreira, Tramandaí, Imbé, Atlântida, Xangri-lá e Capão da Canoa.
Em Capão da Canoa, aliás, a prefeitura comunicou pelas redes sociais que as homenagens à rainha do mar, nos dias 1º e 2 de fevereiro, deverão ocorrer sem aglomeração. Para isso, foi proibida a instalação de tendas e atendimentos às pessoas. O acendimento de velas e entrega de oferendas nos santuários serão liberados somente até as 19h nos dois dias. Depois deste horário, o espaço será fechado. A prefeitura, no entanto, liberou as homenagens individuais na beira-mar, respeitando os protocolos, como uso de máscara e distanciamento.
Na tarde desta segunda-feira (31), um grupo de comerciantes locais, pais e mães de santo se reuniram para pintar a área onde está localizada a imagem de Iemanjá, em Tramandaí. Mesmo sem calendário oficial na praia, uma carreata está sendo programada por Pai Ricardo de Oxum, na noite de 1º de fevereiro, com saída do Corpo de Bombeiros de Tramandaí, às 21h30min, até a estátua à beira-mar. Depois, o grupo, junto com outros terreiros, fará uma festa no posto 154, onde será oferecida energização e haverá distribuição de passes às pessoas.
Em Imbé e Balneário Pinhal, as administrações municipais também cancelaram todas as atividades. A decisão de suspender os festejos também é medida adotada pela prefeitura de Cidreira. Apesar disso, os devotos prometem visitar a maior estátua de Iemanjá em solo gaúcho. Inaugurada em 2016, a imagem de 8m30cm foi esculpida em cimento a 600m da orla de Cidreira.
— Mesmo sem festejos oficiais, a partir da noite de 1º de fevereiro, as terreiras estarão na beira do mar recepcionando as pessoas até a manhã do dia 2 — contou mãe Mana de Oyá que junto com Tassya de Oxum está com uma barraca de atendimentos ao lado da grande estátua, em Cidreira.
Em Rio Grande, fieis terão acolhida
Uma estrutura diferenciada está sendo preparada para os devotos que fizerem a caminhada até o Cassino pela ERS-734, em Rio Grande, na próxima quarta-feira (2), para homenagear Iemanjá. Três pontos de acolhimento, organizados e oferecidos pela prefeitura de Rio Grande, serão instalados ao longo do percurso para distribuição de água e frutas, além da disponibilização de banheiros químicos, mesas, cadeiras e guarda-sóis.
A partir das 8h, os pontos de acolhimento estarão montados nas proximidades do Supermercado Guanabara, na entrada do bairro Jardim do Sol, na frente do Centro Português e do Parque Urbano do Bolaxa.
— O mínimo de estrutura para as pessoas que, por sua fé, realizam a tradicional caminhada de agradecimento a Iemanjá — diz o secretário do Cassino, Sandro de Oliveira, o Boka.
A atividade conta, ainda, com o apoio da Polícia Rodoviária Estadual, que fará a orientação e cuidados aos fiéis, da Fruteira Lisboa, da empresa Gelei e da Corsan.
Assim como ocorreu no ano passado, a Festa de Iemanjá será realizada de forma híbrida, com uma cerimônia virtual transmitida pela página da prefeitura de Rio Grande e controle de público no acesso da orla da praia.
Ainda na noite de terça-feira (1), uma carreata com a imagem de Iemanjá deve percorrer as ruas do Cassino até a praia. Em razão da pandemia de covid-19, os acampamentos das entidades foram cancelados.
A ocupação da praia para homenagens e oferendas será limitada às áreas demarcadas, definidas pela União Riograndina de Cultos Umbandistas e Afro-brasileiros Mãe Iemanjá (Urumi), de acordo com o total de entidades participantes e respeitando a distância das guaritas de salva-vidas. O monitoramento e a fiscalização serão realizados por equipes da prefeitura.