Somente neste domingo (27) de Carnaval, 46 pessoas se perderam na faixa de areia de praias em todo o Rio Grande do Sul. O número é o maior em um só dia neste verão e representa cerca de 10% do total da temporada.
Os dados são do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) e contabilizados desde o dia 18 de dezembro do ano passado, quando iniciou a Operação Verão. Ao todo, 481 pessoas foram localizadas no litoral e nas águas internas desde este período. A maioria é de crianças e o local onde houve o maior número de registros é Capão da Canoa.
No domingo, segundo o CBMRS, não foi diferente. Mais uma vez crianças e o local com mais registros foi também Capão da Canoa. O chefe de Operações da corporação, tenente-coronel Isandré Antunes, diz que um balanço final será divulgado no fim da Operação Verão, nos primeiros dias de março, e que os dados parciais são referentes a cerca de 70 dias de atuação dos guarda-vidas em guaritas.
Antunes revela que, dos 481 casos, 449 foram no Litoral Norte, mas houve outros 16 no Litoral Sul e mais 16 ainda nas águas internas. Além do fato do domingo de Carnaval representar o maior número de casos em apenas um só dia, os registros neste verão estão 121% maiores do que na temporada passada, quando houve 217 pessoas perdidas.
— No verão passado havia menos pessoas na praia, já que estávamos em plena pandemia e ainda sem vacina. Referente a ontem (domingo), é pelo fato de que aumentou muito o movimento de pessoas nas praias com o Carnaval, maior do que no ano-novo, o que não quer dizer que o cuidado deve ser deixado de lado, já que a maioria dos casos, mas a maioria mesmo, envolve crianças — explica Antunes.
Pulseirinhas e bandeira azul
Antunes diz que, para garantir a segurança das crianças, segue sendo adotada a tática de colocação das pulseirinhas de identificação. Nela, são informados o nome dos responsáveis e o número da guarita mais próxima do local onde a família está acomodada na faixa de areia. Os acessórios podem ser encontrados com os guarda-vidas.
Quando uma criança perdida é localizada na praia, geralmente são localizadas por banhistas que rapidamente as conduzem até uma guarita, os guarda-vidas colocam uma bandeira azul para indicar que uma pessoa foi localizada. Este é o principal indicativo se alguém tiver familiares desaparecidos.
Além disso, Antunes alerta para os riscos na água em relação às crianças. O limite de profundidade, por exemplo, é a linha da cintura, pois, caso caia em um buraco, o responsável pode puxá-la rapidamente. O indicado é que um adulto entre na água, tanto em rios ou lagos quanto no mar, de mãos dadas com a criança e pare assim que o nível chegar na cintura dela. Depois, o ideal é que o responsável fique de frente para ela e de costas para as ondas — posição que impõe um limite para o pequeno e possibilita o contato visual.
Também não é recomendado ingressar na água carregando uma criança no colo, já que pode transmitir a ideia de que a praia é um espaço de exploração ilimitado. Antunes salienta ainda que as boias e flutuadores não substituem a supervisão de um responsável e não são garantias de sobrevivência na água.