Se a pandemia afastou as pessoas da praia, a saudade parece que acaba por aqui. Neste sábado (1º), milhares de veranistas lotaram as areias de Tramandaí e Imbé, no Litoral Norte, para aproveitar o primeiro dia de 2022.
Em Tramandaí, famílias e grupos inteiros de amigos se espremiam debaixo dos guarda-sóis, a poucos centímetros de outras famílias e de outros grupos de amigos. Para ver o mar, apenas espichando o pescoço por cima dos chapéus.
Depois de um 2020 sem se reunirem, os Barroso voltaram a se juntar na casa de veraneio da matriarca, Glaci Barroso, 71 anos. Avó, pai, mãe, filhos, netos, genros: estavam todos na areia, curtindo o dia de sol.
— Eu digo assim: o que não teve no ano passado, o pessoal está fazendo esse ano — observa Reginaldo Barroso, 51 anos, filho de Glaci.
Se a fome batia, paciência. Era necessário fazer fila diante dos quiosques e dar uma segurada na ansiedade por pastel, violinha, água de coco.
— Gente demais, demais. Pessoal quer comer tudo na hora e não sabe esperar. Hoje é recém primeiro dia do ano e querem tudo na hora — queixou-se Fabiana Souza Santos, dona do quiosque da Fabi, perto da guarita 146 de Tramandaí.
Era fila para tudo: para avançar pela Avenida da Igreja, que liga o centro de Tramandaí à orla, para comprar um lanche, para usar os banheiros químicos, para tirar a areia do corpo nos chuveiros, antes de voltar para casa.
Um dos barulhos que mais se ouviam era dos apitos dos guarda-vidas, alertando os banhistas para não se aventurarem demais no mar.
— As pessoas estão um pouco imprudentes, avançando em áreas de risco com bandeira preta, onde tem repuxo — observou o guarda-vidas Cristiano Trindade Dias.
Veranista tradicional de Tramandaí, onde se hospeda de frente para o mar, Giovana Cabral Ulrich, 31 anos, atravessou a calçada e subiu nas dunas para fotografar a quantidade de gente.
— Fazia tempo que eu não via a praia desse jeito. Ano passado não teve tanta gente, nem no outro — disse.
No mundaréu de pessoas que disputavam um espaço na areia, Rejane Donati era uma das únicas usando máscara. Decidiu colocar a cadeira quase na beira do mar para garantir mais vento e distanciamento.
— Eu estou abismada de ver que realmente não existe mais covid-19, né? Os quiosques, os ambulantes, todos sem máscara. Um pouco assustador — considerou.
De acordo com o comandante da 2ª Companhia de Guarda-Vidas, major Lúcio Lemes da Silva, este sábado foi realmente o dia de maior movimento em Tramandaí até agora. Ele observa que, em situações normais, sem pandemia, é natural que o primeiro dia do ano seja de movimento intenso em todo litoral.
— O verão passado foi atípico, pandêmico. Não dá para fazer comparação com 2020, mas, hoje, foi sem precedentes — disse.
Logo ao lado, em Imbé, a situação era um pouco mais tranquila: muita gente na areia, aproveitando o mar de tom esverdeado, quase azul, mas havia espaço na areia.
Destino do casal Alexandre Quadros dos Santos, 54 anos, e Gladis do Carmo, 53, que moram em Novo Hamburgo, Imbé acabou se revelando uma escolha acertada.
— Até hoje mencionei de ir pra Tramandaí, mas aqui em Imbé achei mais tranquilo — disse ela.
O problema é a quantidade de gente circulando sem proteção.
— Tu entra em qualquer lugar sem máscara. A gente foi comer em um restaurante aqui na avenida principal e não exigiram máscara — denuncia a mulher.