O veraneio de 2021 está diferente. Há círculo na areia para delimitar distanciamento, grupos acomodados nas dunas para fugir da aglomeração e gente que gostava do fervo na beira da praia optando por lugares mais afastados para aproveitar com segurança, como GZH mostrou no início da temporada.
Percebendo uma oportunidade de mercado causada pela pandemia e a preocupação de parte dos veranistas, os ambulantes, acostumados a vender roupas, óculos, chapéus e outros itens, adaptaram o estoque de mercadorias e passaram a oferecer um item de primeira necessidade: máscaras de proteção facial.
Uma breve caminhada à noite pela esquina das ruas Pindorama e a Tiaraju, no centro de Capão da Canoa, onde veranistas degustam crepes e sorvetes, já mostra o novo movimento adotado pelos ambulantes. Presas em arames, as máscaras estão dispostas em sacos plásticos. Os acessórios custam, em maioria, R$ 5, e tem modelos para quase todos os gostos. Branca, preta e rosa com brilhos são as cores predominantes. Também há opções com mensagens, como "paz", "esperança" e fé". Até o ano que se inicia virou estampa. O número 2021 é um dos preferidos dos compradores, segundo os ambulantes.
Uma das vendedoras é Andressa Pio da Silva, 24 anos. Moradora de São Leopoldo, no Vale do Sinos, ela migrou para o Litoral no verão, sabendo que a região tem mais público para seu produto. E confirma que o item está sendo um sucesso de vendas.
– Vendo de 100 a 150 máscaras por dia aqui no calçadão. Eu vendia brinquedos, também na praia, e este ano substituí pelas máscaras – comemora, orgulhosa.
Também no Centro, Nilson Pereira da Silva, 49 anos, diz estar começando no negócio das máscaras. Também morador de São Leopoldo, ele percebeu que o verão seria diferente neste ano e decidiu apostar na venda da mercadoria:
– Começamos há pouco tempo, para sobrevivência. Trabalho na rua sempre e vendo chinelos, calçados. E agora, também, máscaras – conta.
Porém, conforme Nilson, as vendas caíram após o feriado de Ano-Novo, mas ele garante que vai seguir com o negócio enquanto a praia estiver movimentada.
Máscaras à venda na beira-mar
Não é só na região central que os ambulantes oferecem o produto. Na beira da praia, onde o decreto da prefeitura de Capão da Canoa impõe a obrigatoriedade de uso, o que não vem sendo seguido pela maioria dos veranistas, também é possível comprá-lo.
O mineiro Júnior Pinheiro, 20 anos, passa o dia transitando na areia com seu carrinho carregado de vestidos, saídas de banho, chapéus e algumas poucas máscaras, que sobraram da última compra e que ele costuma vender para pessoas que molharam as suas ou que esqueceram de levar para a praia.
– Estava comprando umas roupas para vender e achei as máscaras em promoção. Falei: "vou levar ao menos 70". Agora não tenho nem 10 – afirma.
Segundo ele, em dezembro, a procura foi maior. Vendedor ambulante há quatro anos durante o verão, ele diz que percebe um movimento menor no litoral, mas espera que este seja o último verão para vender máscaras, já que torce pelo fim da pandemia o "quanto antes".
Também mineiro, Carlos Henrique da Costa Santos, 33, é um pouco mais pessimista ao falar sobre as vendas. Para ele, o movimento "está fraco num geral", seja na procura por máscaras ou por outros itens que ele vende. Santos é de Araçuaí, cidade do Vale do Jequitinhonha, e costuma escolher Capão da Canoa "por ter mais oportunidade de emprego".
Em Torres, produção em massa
Ainda no Litoral Norte, a artesã Lucia Dias, 57 anos, moradora de Torres, decidiu mudar de área de atuação logo após o início da pandemia, em abril de 2020. Começou fazendo máscaras descartáveis e, depois, de tecido. O grande sucesso foi quando passou a fabricar algumas com adaptação no nariz, para que o óculos não embace.
– Já vendi 10 mil máscaras durante a pandemia. Tem um mercado que me encomenda 300 por semana. Temia a redução com o passar do tempo, mas com a chegada do verão e o aumento (de movimento) na cidade, minha demanda segue alta – contou a artesã.
Lúcia chegou a contratar uma funcionária para dar conta da demanda:
– Dá um trabalhão, mas é algo que deu certo e me orgulho.
Cuidados na praia
Em entrevista a GZH, o presidente da Sociedade Catarinense de Infectologia, Fabio Gaudenzi, reforça que o uso de máscara reduz os riscos de contágio e transmissão para quem está aproveitando o verão no Litoral:
— Já estamos num ambiente de circulação de pessoas, com calor. No momento da alimentação, tiramos a máscara e perdemos a nossa maior barreira de segurança. O efeito protetor dela é muito relevante, hoje cada vez mais isso é uma certeza — afirma.