Com policiais militares (PMs) caminhando ou andando de bicicleta no calçadão de Capão da Canoa, no litoral Norte, todos já estão acostumados. Chama a atenção nesta temporada a ronda na areia, semelhante ao que ocorre há mais tempo em praias do Rio de Janeiro, por exemplo. Principalmente durante as manhãs, horário de chegada da maioria dos veranistas, tem sido comum ver PMs de bicicleta e em dupla, estilo Pedro e Paulo, como foram apelidados na década de 50, circulando próximo ao mar, de olho nos “espertinhos” que tentam levar vantagem praticando furtos.
GaúchaZH presenciou até mesmo um policial de moto nas areias de Capão, apesar do comando da corporação na região dizer que o uso das motocicletas na areia é exceção.
Muitos veranistas aprovam a iniciativa. Policiais que conversaram com a reportagem disseram que há reclamações de furtos à beira-mar e, por este motivo, houve a iniciativa de colocar a bike na areia.
– Eu acho muito bom. É mais seguro. Tendo policiamento, o pessoal aproveita mais –comemora o aposentado Luís Eduardo Soares da Rocha, morador de Canoas.
Maria Silveira Pereira é proprietária de um quiosque à beira-mar há 19 anos. Considera as rondas na areia durante a temporada importantes para prevenir furtos.
– Dá mais segurança para o turista. Quanto mais policiais, melhor. Aí as pessoas ficam mais na praia – avalia a comerciante.
Por ficar o dia inteiro na praia, já presenciou de tudo em relação ao descuido das pessoas com seus pertences.
– Tem gente que deixa carteira e celular no bolso da barraca e vai para o mar. Isso é muito arriscado – alerta Maria.
A comerciante destaca que sugere aos clientes que deixem suas bolsas no quiosque quando pretendem ir ao mar ou dar uma caminhada. Mas Jayne Pereira, filha de Maria, quer mais. Ela considera que a ronda somente durante o dia não é suficiente:
– Tem que fazer isso também à noite. Porque tem gente que quer ir para a beira da praia e não vai por insegurança.
Acompanhado da namorada, o administrador Cristiano Rodrigues diz que quando estão somente os dois na areia, há um revezamento para ir ao mar. É daqueles com um pé atrás em relação à segurança.
– Sempre viemos para a praia só com documento e um pouco de dinheiro. Não trazemos carteira – relata.
Presença marcante
Comandante do 2º Batalhão de Polícia de Áreas Turísticas da Brigada Militar, tenente-coronel Pedro Ricardo Maron Burgel destaca que são oito bicicletas e 12 motos da corporação circulando em Capão da Canoa.
– A nossa estratégia é demonstrar ostensividade, presença. No início das manhãs, estamos mais na área central, de mercados, onde as pessoas vão na padaria. Mais para o meio da manhã, estamos na beira da praia, que é quando o veranista vai para a praia – explica o oficial.
Segundo Burgel, o caso da motocicleta do PM que GaúchaZH flagrou nas areias de Capão da Canoa é uma exceção.
– Com bicicletas, fazemos o policiamento na areia, mas mais no calçadão. Com as motos, só vamos para a areia no momento de uma necessidade – destaca Burgel, explicando que o caso não seria de policiamento preventivo, mas reativo.
Segundo a delegada Sabrina Deffente, titular da Delegacia da Polícia Civil de Capão da Canoa, os registros de furto à beira-mar continuam semelhantes aos do mesmo período do ano passado. Informa que muitas pessoas não fazem o registro da ocorrência, por serem objetos de pequeno valor.
– As pessoas têm que evitar deixar pertences sozinhos, mesmo que seja por alguns minutos, para ir ao mar ou no quiosque. E quando forem vítimas, têm que registrar – aconselha a delegada.
Sabrina também aconselha que não se deixe pertences com quem não é conhecido, já que, segundo ela, não estarão “tão atentos, por não serem seus objetos pessoais”.