Quando o pergolado de madeira começou a ser construído na Praça Avezon, em Capão da Canoa, os moradores do entorno ficaram na expectativa por um novo espaço para tomar chimarrão, com direito a floreiras e deque em madeira de frente para a orla. Mas em vez de sorver o mate por ali, o ponto virou destino de quem quer aliviar-se dos efeitos diuréticos da bebida tradicional. A prefeitura "recheou" o pergolado com seis banheiros químicos e fez torcer o nariz de quem vive ou passa pela área de lazer.
— Achamos que era para embelezar. Chega certa hora, nem passo por aqui pelo cheiro que fica — diz o funcionário público aposentado Nilceu Simões de Leon, 78 anos, morador da Avenida Central, via bem em frente ao espaço de lazer.
Os moradores já se organizam para fazer coro na prefeitura e pedir a retirada dos banheiros. Eles entendem que os sanitários são necessários para atender os veranistas, mas questionam a localização dos equipamentos em meio à praça, onde crianças costumam brincar e pelo menos quatro quiosques oferecem lanches.
— Não dá. No final da tarde, depois que usaram o dia inteiro os banheiros, não se consegue ficar na praça. O cheiro é insuportável. Em dia de sol então... — lamentava uma moradora, cruzando a Avezon a passos largos.
A queixa chegou aos ouvidos do secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Capão da Canoa, Raphael Ayub. Ele explica que a ideia foi dar um visual mais aprazível e cômodo aos banheiros, que ficavam no calçadão e de lá saíram também por conta de reclamações. As pessoas diziam que, ao deixar os sanitários, muitas vezes batiam com a porta em quem circulava pelo calçadão. O secretário adiantou que, diante do impasse, os equipamentos deverão ser instalados, até o final desta semana, no meio-fio, com a base de madeira nivelada à calçada.
— Quanto ao cheiro, já pedimos a empresa que utilize mais produtos para amenizar o problema — diz Raphael.
No caso da Praça Avezon, o secretário reconhece que se criou uma expectativa nos moradores, principalmente porque há algum tempo o espaço carece de atrativos e infraestrutura. Ele ressaltou que a área está em processo de adoção e que as melhorias, como academia ao ar livre, pergolados — dessa vez para as rodas de chimarrão — e outras reformas serão iniciadas entre março e abril. O calçamento já passa por reparos. No ponto em frente à Avenida Central, em que havia um buraco sobre uma galeria de esgoto pluvial, com riscos aos pedestres, começou a ser consertado na quinta-feira pela Secretaria de Obras.