Encontrar lugares inexplorados em uma cidade que tem no turismo a sua principal vocação é tarefa complicada. Praticamente todos os cantos de Florianópolis, em Santa Catarina, já foram esquadrinhados por publicações que prometem revelar "recantos secretos" da Ilha, ainda que esses segredos apareçam na maioria dos guias. Mas, mesmo nos locais mais visitados, sempre é possível descobrir um caminho diferente, uma paisagem inédita, um programa desconhecido – até mesmo para o morador e/ou nativo. Abaixo, cinco sugestões de passeios fora do roteiro convencional das inúmeras atrações da capital catarinense:
1. Praia do Gravatá
Escondida entre a Mole e a Joaquina, a pequena Praia do Gravatá ainda conserva aquele astral de “refúgio intocado” que as vizinhas tinham antes de serem popularizadas. O que falta em infraestrutura, sobra em sossego – interrompido apenas pelas expressões de espanto do visitante ao se deparar com um pedacinho da costa de Florianópolis tão perto do agito e, ao mesmo tempo, tão isolado. O local é acessível apenas por uma trilha que começa quase no topo do morro da Mole. O percurso, de cerca de 1,5 mil metros, é fácil e leva meia hora, mas vale a pena parar em dos três mirantes do caminho para se deslumbrar com a paisagem.
2. Trilha da Volta Norte na Ilha do Campeche
Que na Ilha do Campeche há uma das praias mais lindas de Florianópolis, você deve saber. O que muita gente, talvez embasbacada com o marzão cristalino à frente, nem se atreve a tentar é explorar alguma das trilhas do lugar. Uma das mais difíceis – da Volta Norte – é também uma das mais recompensadoras. As duas horas de caminhada são cercadas por mata nativa, com direito a passagens por sítios arqueológicos e oficinas líticas. No final, a Praia da Enseada aguarda o aventureiro para um mergulho redentor. Os barcos que levam à ilha saem a partir das 9h do Campeche, Armação e Barra da Lagoa. Atenção: são permitidas somente 800 pessoas por dia.
3. Biblioteca Prof. Osni Régis
Por fora, a casa branca no número 1344 da avenida Mauro Ramos, no Centro, não chama muito a atenção. Dentro, porém, revela-se uma biblioteca com mais de 15 mil volumes dos mais diversos temas. O acervo pertencia ao professor Osni Régis, um apaixonado por literatura que morou no mesmo imóvel até a morte, em 1991. Livros – todos devidamente catalogados – ocupam paredes inteiras e o mezanino do espaço, inspirado na coleção exibida no filme My Fair Lady (1964). A luz da tarde que entra pelas amplas vidraças convida à leitura ou, simplesmente, ao relaxamento. O local funciona de segunda à sexta, das 14h às 18h, e a entrada é franca.
4. Reserva Extrativista Pirajubaé
O berbigão, iguaria típica da Ilha, ganha outros significados depois do passeio de barco de cerca de quatro horas de duração pela primeira reserva de uso sustentável do sul do Brasil, uma área de 1,4 mil hectares a cinco quilômetros do aeroporto Hercílio Luz. A coleta do molusco é totalmente artesanal – geralmente os homens se encarregam da extração e as mulheres, do “desconchamento”. A experiência inclui causos contados pelos pescadores artesanais e visita a bancos de areia e ao manguezal, além da participação no preparo da comida e degustação de pirão com peixe. O pacote custa R$ 135. Mais detalhes pelos fones (48) 99138-0951 ou 98827-7152.
5. Sertão do Assopro
A via asfaltada, à esquerda, um pouco antes (para quem vem no sentido centro-bairro) do mirante da Lagoa da Conceição, é só o início de uma jornada por vistas sensacionais. Logo depois do Recanto Marista Champagnat começa a estrada de chão. Pegue a direita na bifurcação e se prepare para conhecer ângulos inéditos de uma das mais famosas paisagens de Florianópolis. Pelo trajeto de duas a quatro horas por dentro da Mata Atlântica se sucedem cerca de 60 cachoeiras e mirantes não encontrados em nenhum guia turístico. Conforme a empolgação (e o fôlego), é possível estender a aventura até a Costa da Lagoa, descendo a mata até cruzar com a trilha que sai do Canto dos Araçás.