O que fazem cariocas, catarinenses, sul-mato-grossenses e uruguaios em uma praia gaúcha de vastidão aparentemente sem fim, com inúmeros carros parados na areia e navios cruzando por perto a todo momento? Ora, procuram justamente a liberdade de um espaço tão amplo, a comodidade de um estacionamento à beira-mar e a possibilidade de, entre outras coisas, fazer um churrasco em plena orla sem serem importunados.
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Na praia do Cassino, em Rio Grande, a ordem é aproveitar as férias como se as areias, que se arrastam por uma eternidade, fossem parte da própria casa. A água morna e praticamente sem ondas ajuda, assim como as barracas (que no Cassino merecem a denominação superlativa de "food trucks") distribuídas em cada canto, mas os turistas afirmam que é a comodidade é o diferencial.
- Aqui, a gente chega a hora que quer e sempre encontra espaço. Podemos assar uma carne na areia com tranquilidade, deixar a camionete aqui do lado e aproveitar o dia inteiro - garante o comerciante Leovaldo Kohls, enquanto cuida de pedaços de vazio, entrecot e frango em uma churrasqueira portátil adquirida especialmente para a temporada na praia.
Auxiliando na distribuição das carnes, a também comerciante Lorena Bessauer concorda. A família partiu de Santa Maria, a mais de 300 quilômetros de distância, para passar cinco dias em um hotel nas proximidades do Cassino - trajeto que repete em cada veraneio há quase três décadas.
- Já fomos a Capão da Canoa e a diferentes praias de Santa Catarina, mas nenhuma é como esta. Os filhos e os netos não gostam do Cassino, preferem o agito, mas para nós, não há nada melhor. Saindo daqui, voltamos para casa renovados.
Uruguaios passam longe de Punta del Este
Praia Mansa, La Pedrera, Punda del Diablo e Punta del Este estavam a poucos quilômetros de distância, mas as famílias uruguaias Boggio e Martinez preferiram conhecer o Cassino a desbravar um pouco mais outras áreas costeiras de seu país. Férias, para eles, são na praia, e Rio Grande é a primeira parada de uma empreitada que, ao longo dos próximos anos, eles pretendem levar, litoral por litoral, até o nordeste do Brasil.
- Percorremos quase 600 quilômetros movidos pela curiosidade de conhecer esta praia. O litoral uruguaio já nos é familiar. Então, decidimos começar a descobrir também as praias brasileiras. E o Cassino é muito bonito, tem uma água quentinha que não encontramos por lá - define Angela Boggio, moradora de Tacuarembó que, ao lado do marido, Jorge Martinez, e outras 12 pessoas da família, vai passar dias em Rio Grande antes de voltar para a terra natal.
Os brasileiros da família Lessa vieram de ainda mais longe do que os uruguaios: seguiram viagem desde Dourados, em Mato Grosso do Sul, para apresentar "a maior praia do mundo" à pequena Beatriz, três anos, e a Laura, nove anos.
- Rodei 1,5 mil quilômetros para mostrar esta praia para a família. Minhas filhas só conheciam a Costa Doce, e estão adorando toda essa extensão de areias e a água salgada - afirma Luís Eduardo Lessa, 49 anos.
Apesar do vento forte e do tempo nublado, Bia e Laura eram só sorrisos ao sair da praia e conhecer os molhes da barra de Rio Grande.
- É ótimo aqui. Lá em Dourados não tem praia, só rio. O Cassino é mais legal - define Laura.
* Zero Hora