Por Neto Fagundes, cantor
O cantor Neto Fagundes relembra os banhos numa praia do Rio Ibirapuitã, em Alegrete, e a primeira vez que viu o mar, em Tramandaí.
Nenhum leitor acertou que a criança da página 21 da ZH de domingo era Neto Fagundes.
A minha primeira praia foi no Alegrete, é óbvio. O local era chamado o Poço de Bombas, praia do Rio Ibirapuitã, onde aconteciam os retiros da nossa igreja Metodista. O pai e a mãe nos levavam para encontrarmos os tios e os primos, como nessa foto onde aparecem alguns deles.
Éramos conduzidos pelo meu tio Antonio Salomão, uma espécie de Tarzan das florestas, que nos contava histórias arrepiantes como o dia que ele teve de dormir no mato e coisa e tal. No Poço de Bombas, ficávamos em barraca, aquelas do quartel que já vinha com o boa-noite de matar mosquito agregado.
Ficar na beira do rio à noite com o liquinho e muito Tang pra tomar, a comida e a bebida democraticamente repartidas para todos era um sonho.
Nessa época da foto, nem o Antonio Augusto Filho era advogado e nem tarólogo reconhecido, nem a Mocita Fagundes era essa baita profissional que é hoje, o Ernesto nem tocava seu inseparável bombo leguero ainda, e eu muito menos pensaria em ser parceiro do tio Nico num programa de TV tão famoso como o Galpão Crioulo e nem que meu pai Bagre Fagundes sairia um dia do Alegrete para morar em Porto Alegre, mas como diz o ditado: "El tiempo passa..."
Que bom, graças a Deus! E foram eles, os Fagundes Salomão, que me apresentaram a segunda praia, aí sim praia de mar, Tramandaí. Quando os meus primos me convidaram para ir a Tramandaí juro que fiquei com frio na barriga só com o fato de conhecer o mar, mesmo que os Salomão Fagundes fossem que nem irmãos para mim e me sentia em casa andando com eles, Tramandaí já tinha ares de Capital das praias, com muitas esteiras e guarda-sóis, coisa rara numa praia de rio com o qual eu era acostumado.
No rio se usava câmara de pneu e, na praia, planonda de isopor. O Hotel Quebra Mar, o Panorâmico na beira da praia, o Dindinho, o show dos Araganos no Centro, uns puxa-puxa e muito mais. Era uma lagoa imensa que se mexia para um Nego Véio da Fronteira. Era um espetáculo e tanto. E a terceira praia foi Santa Terezinha, aí com os Vilaverde, comandados por meu tio Negrinho.
Ele era o dono da casa da praia de Santa Terezinha que nos recebia todo o veraneio. Sua família não era pequena, primos e primas maravilhosas que, com a Tia Olina, abriam as portas da casa para receber a todos ao som de violão e gaita, revezando no canto para ninguém perder a voz.
Essa casa reuniu, certa feita, mais de cem pessoas, dormindo nos quartos, nas salas e no pátio, e tudo com muito bom humor regado a música, cerveja, cantoria. Como é bom sentir saudade das coisas boas da infância, da família feliz tomando banho na praia, seja de rio ou de mar, estando com quem a gente mais gosta, com certeza a praia será sempre mais tri!
Sabe quem é a pessoa na foto? Clique e dê seus palpite! A resposta será publicada na Zero Hora de terça-feira.