* Por Duda Garbi, repórter Kzuka e Rádio Atlântida
Foi na casa do avô em Imbé que o repórter Duda Garbi passou os verões da infância, lembrados como tempos de muita brincadeira, passeios de bicicleta, jogos de carta e até de travessuras - cujas consequências podiam não ser boas, mas não importava.
Ah, os inesquecíveis verões na casa do Imbé. Ela era grande, cercada por um murinho, tinha dois andares, feita inteirinha de tijolo à vista, possuía uma sacada, mas a vista era prejudicada por inúmeras árvores. Era localizada na Rua Taquara, em frente ao mar e a uma pracinha, pertinho do Hotel Samburá. Quem já foi no Imbé sabe do que eu estou falando. Foi ali que passei os melhores momentos da minha infância.
Desde que nasci, o vô Nadiejo tinha a casa do Imbé. Eu contava os dias pra ir lá. A rotina da família era sempre a mesma: acordar cedo, ir pra praia reto, colocar o guarda-sol e brincar na areia. Depois voltar pra casa e comer um peixinho frito feito pela vó Grasie.
Na casa do lado veraneava a tia Sofia, que de tão amiga da família gradeou a casa junto da nossa. A Maria Pia e a Laura, netas dela, eram as "amigas da praia". Quando chovia, a gente jogava carta. No final da tarde, o programa era andar de bici, tomar sorvete, rir, se divertir, brincar, brincar e brincar...
O verão passava rápido, nem parecia que eram três meses. Até quando eu aprontava era legal. Um dia fui pular o murinho pra ir pra casa da tia Sofia e cortei o joelho. Tive que levar oito pontos e ficar com o joelho imobilizado. Quase não conseguia dormir de tanta dor, mas a vó Grasie passava as noites em claro conversando comigo e o tempo passava voando...
Outra coisa que eu curtia fazer era ficar escondido atrás do murinho da casa da tia Sofia. A cada pedestre que passava na calçada eu gritava. Teve uma vez que eu e a Maria Pia passamos dos limites e um casal se irritou com a brincadeira e olhou por cima do murinho. Lembro como se fosse hoje. O cara disse que ia nos pegar, e eu nunca corri tão rápido na vida. Quem nunca fez isso não sabe o que é viver perigosamente.
Hoje, a casa do Imbé não existe mais. O vô Nadiejo cansou do abre e fecha de todo o verão. Os netos já não se empolgavam mais com o Imbé. Atlântida era o foco agora. Após muita relutância, a casa foi vendida para o vizinho do lado.
O cara que comprou o terreno fez dela um gramado verde, lindo, bem cuidado, mas sem nenhuma história, memória ou capacidade de fazer qualquer verão mais feliz.
Sabe quem é a pessoa da foto? Clique e dê seu palpite! A resposta será publicada na Zero Hora desta segunda-feira.
Houve uma vez um verão
Os inesquecíveis verões na casa do Imbé
Duda Garbi conta onde passava, segundo ele, os melhores momentos da infância na praia do Litoral Norte
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