* Por Claudia Tajes, escritora
Os banhos no Guaíba e em piscinas de clubes na Capital faziam a alegria do veraneio da escritora Claudia Tajes. Sobre a foto abaixo, tirada aos dois anos, Claudia pouco se recorda, mas ousa dizer que não estava dentro da água porque levava rolos nos cabelos.
Carlito Manfroi e Bruna Bender acertaram que a menina da foto da página 33 da Zero Hora de quinta-feira era Claudia Tajes.
Porque meu pai raramente tirava férias, o verão dos Tajes sempre esteve mais para piscina do que para praia, primeiro na Sogipa, depois no Grêmio, com todos de molho no cloro por fins de semana inteiros. O jeito, então, era contar com a boa vontade do avô Romualdo para passear em Ipanema, onde por muito tempo a família da minha mãe manteve um chalé de veraneio.
Minha mãe contava dos banhos de rio (na época, o Guaíba podia ser chamado de rio sem culpa) que ela e seus irmãos, o Milton e o Aldo, tomavam nas tardes de janeiro e fevereiro, mas só passadas quatro horas do almoço. O trajeto entre a casa dos Jung, no bairro Higienópolis, e a Zona Sul, levava uma vida naqueles anos 40, 50.
Ia-se para Ipanema como quem fosse para a Patagônia, o Citroën 1948 carregado. Na minha vez, o deslocamento já era mais fácil. Mas Ipanema parecia não chegar nunca. Eu entrava com desconfiança na água escura e parada, com medo de pisar no chão lamacento. Já se falava que o Guaíba, coitado, não seria o melhor lugar do mundo para um mergulho.
Mas acho que o seu Romualdo queria mostrar aos netos uma cidade com mais encanto, como a que ele conseguiu apresentar aos filhos. Mesmo evitando pensar nas formas não identificadas que nadavam perto da gente, era bom estar ali.
Na foto que encontrei, tenho quase dois anos, fraldas e, o mais importante, rolos nos cabelos, talvez a razão para a minha distância da água. Ao fundo, minha mãe aparece de calças capri e sandálias rasteiras, certinha no seu figurino dos 60, como atestaria a editora de moda Mariana Kalil.
A bem da verdade, nada lembro desse dia no jardim da casa de Ipanema, onde vim a morar, muito mais tarde, com a minha família. Mas então meu pai já tirava duas semanas de férias e nosso destino era Laguna, em uma viagem que durava a eternidade, o Passat Surf amarelo-ovo, cujo ano esqueci, carregado como se fôssemos para a Amazônia. E Santa Catarina parecia não chegar nunca.
Sabe quem é a pessoa à direita na foto? Clique e dê seu palpite! A resposta será publicada na Zero Hora deste sábado.
Houve uma vez um verão
"O verão dos Tajes sempre esteve mais para piscina do que para praia"
Escritora Claudia Tajes explica que, como seu pai pouco tirava férias, passava os veraneios em Ipanema, na Capital
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