* Por Ivo Nesralla, médico
Os veraneios de infância _ passados nos Grande Hotel de Canela _ evocam no médico Ivo Nesralla a lembrança dos passeios a cavalo e do contato com a família e a natureza. Aos domingos, a Catedral de Pedra era o ponto de encontro da vizinhança
No desafio de ontem, dois leitores de Zero Hora acertaram que a criança da página 47 era Ivo Nesralla.
Gratas são as lembranças dos verões no Grande Hotel de Canela. Passávamos os meses de janeiro e fevereiro aproveitando as grandes férias de verão. Como garoto e adolescente, eu passava o verão nesta linda cidade.
Era um lugar retirado em que as noites pareciam ainda mais iluminadas pelo luar e sentia-se a grandiosidade das estrelas. Tenho certeza de que a Lua parecia mais próxima de nós e que o céu tinha muito mais estrelas. O contato com a natureza se dava de maneira muito forte, e inesquecíveis foram os passeios a cavalo. A natureza do lugar é realmente impactante.
Laje de Pedra não existia como construção, mas sim como formação da natureza em formato de laje, sim, de pedra. A ida até lá era um passeio de dia inteiro. Várias horas para ir e várias para voltar. Piqueniques eram organizados com carinho e inesquecível era o caminho bastante íngreme no meio da serra.
Outra cavalgada em que se passava o dia era a ida à Cascata do Caracol. Sem as estradas que temos hoje, chegar até a cascata dependia de coragem. Mas, lá chegando, o visual era compensador. O convívio com familiares era muito gostoso. Tínhamos mais tempo para conversar. Cada ano era um rito de passagem para a próxima fase da vida.
As missas de domingo, na Catedral de Pedra parcialmente construída, eram mais do que atividades espirituais. Funcionavam também como grande encontro das famílias que lá desfrutavam o verão. Disputados jogos de víspora enchiam nossas noites. Os prêmios, divertidos e concorridos.
Em muitas tardes, jogávamos torneios de pingue-pongue. Me divirto lembrando que muitas vezes saí campeão na modalidade. Talvez pelo meu temperamento calmo, eu mantinha o controle. Meus jovens amigos, tendo arroubos de descontrole juvenis, perdiam sempre.
Dos verões da minha infância tenho marcada a vida ao ar livre, as missas na Catedral de Canela, dos muitos amigos que nunca mais revi e o convívio familiar manso, com tempo e prazeroso. Puxar por essas lembranças me fez pensar no mundo moderno. Muitas vantagens, sim, mas com a enorme desvantagem do distanciamento entre as pessoas. Nada substitui o olho no olho e o simples prazer da companhia.
Sabe quem é a pessoa da foto? Clique e dê seu palpite! A resposta será publicada na Zero Hora de amanhã.