* Por Marcelo Pires, publicitário
Uma divertida reviravolta encerra o relato de um acidente vivido pelo publicitário Marcelo Pires em uma viagem à praia nos tempos de infância. A bordo de Dauphine - ou seria um Gordini? -, a família de Marcelo experimentou uma aventura lembrada até hoje.
Nenhum dos 30 leitores que deram palpite sobre a foto de ontem acertou que o menino era Marcelo Pires.
Já faz tempo. Eu devia ter uns cinco anos. Minha irmã, Kátia, seis. A família estava indo para Cidreira, na casa do Tio Marcos. Tio Marcos, cunhado do meu pai, meu dindo, estava junto no carro. E outra tia, Helena, irmã adolescente da minha mãe, também ia com a gente.
Meu pai, Seu Salvador, dirigia. Minha mãe, Dona Adélia, fazia planos para a ceia de Natal.
O carro era um Dauphine. Confesso que precisei pesquisar para ter certeza: tratava-se de um Dauphine ou de um Gordini? Não sabia a diferença. Descobri que Gordini (nome em homenagem ao seu criador, Amedeo Gordini, famoso projetista de carros de corrida) era uma versão de luxo do Dauphine. Como o nosso carro era um tremendo "pé de boi", pronto, resolvida a questão.
No caminho, em uma ponte, àquela época ainda de madeira, as rodas do Dauphine escaparam dos trilhos e, com a rapidez e a incredulidade que caracterizam todos os acidentes, nós capotamos. Na minha pesquisa "Dauphine ou Gordini?", li que o Dauphine tinha fama de viver capotando.
Não esqueçam: no final dos anos 60, sobrevivíamos aos verões sem itens que hoje são obrigatórios - protetor solar, por exemplo. Ou cintos de segurança.
Sobreviver, então, é a palavra perfeita para o caso. O Dauphine - que nem Gordini era - deu uma volta completa no ar. Uma cambalhota. Caiu em pé lá embaixo, as quatros rodas no chão. Viva o pé de boi.
Saímos correndo de dentro do carro, com medo de uma cinematográfica explosão. Meu pai perguntava a todos:
- Tudo bem, Adélia?
- Tudo.
- Tudo bem com as crianças?
- Tudo. Graças a Deus.
- Tudo bem, Marcos?
- Sim, sim, tudo.
- Tudo bem, Helena?
Silêncio. E, daqui a pouco, um grito da tia adolescente:
- Estou sangrando. Tem sangue em todo o meu cabelo, nos meus ombros, nas minhas mãos... eu vou morrer.
Não ia: o Dauphine não explodiu - mas um melão que viajava atrás da Helena explodiu, bem na sua cabeça. Até hoje, o assunto dá piruetas no ar e diverte toda a família.
Sabe quem é a pessoa da foto? Clique e dê seu palpite! A resposta será publicada na Zero Hora de amanhã.
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