Inovação, criatividade e tecnologia. Estes foram os temas centrais da terceira edição da série especial do Painel RBS, realizada nesta terça-feira (16), em Porto Alegre. Convidados com atuação e experiência nas áreas analisaram os caminhos para a reconstrução criativa do Rio Grande do Sul. O debate faz parte do movimento "Pra cima, Rio Grande", criado pelo Grupo RBS e voltado à retomada do Estado.
Quem mediou o encontro foi o comunicador Rodrigo Lopes, que tem pautado o tema durante suas colunas e conteúdos em Zero Hora, Rádio Gaúcha e RBS TV. Durante cerca de uma hora, os painelistas trouxeram possibilidades e caminhos para a construção de um RS melhor, com futuro mais resiliente. Foram propostas ações que envolvem a sociedade civil, as universidades, o empresariado e o poder público, em processos convergentes.
Para o presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Rodrigo Sousa Costa, é justamente a união de forças que pode fazer a diferença, promovendo inovação criativa focada no associativismo e empreendedorismo. É isso o que também vem sendo feito no projeto Reconstrói RS, iniciativa da qual a Federasul é promotora ao lado de Instituto Ling e Instituto Cultural Floresta.
— A gente já observava um fenômeno sociológico no Rio Grande do Sul. Se formos olhar o Hospital Nora Teixeira (...), os aeroportos de Passo Fundo e Santo Ângelo, e tudo o que significou essas iniciativas. E o grande exemplo talvez seja a ponte de Nova Roma do Sul. Tudo isso inspira um novo momento e me traz esperança (...). A gente sabe que as regiões que prosperam têm uma característica de associativismo e empreendedorismo — destaca, acrescentando que novas causas também vêm sendo apoiadas pelo Reconstrói RS.
Também pensando em um processo colaborativo, a secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS, Simone Stülp, conta que desde setembro do ano passado vem sendo desenvolvido um catálogo de soluções para o enfrentamento de catástrofes climáticas, reunindo ações sugeridas a partir de contribuições de universidades, startups e empresas.
— Necessitamos olhar para isso com cuidado, para sairmos melhores e no menor tempo possível. (...) Em maio, chegou o momento de colocarmos em prática o que vínhamos trabalhando como possibilidade. Já são cerca de 270 soluções catalogadas, dispostas em temas específicos, em que realizamos a curadoria. Elas estão disponíveis no site do Observatório da Inovação — detalha, sobre o sistema que engloba desde iniciativas para a gestão de resíduos, até a recuperação de negócios.
Para além das proposições e participação ativa de todos os atores envolvidos no processo, o superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc e coordenador do Comitê Estratégico do Pacto Alegre, Jorge Audy, ressalta que outra ideia também deve ser considerada: a implementação de uma estrutura que possa sistematizar todos os projetos.
— Esse é um ponto absolutamente central. (...) A criação de uma autoridade, para usar um termo internacional, ou de uma agência, um termo mais nacional, que coordene todas essas ações. Se fosse possível criar uma estrutura, uma governança que centralize, sob um certo aspecto, no sentido de criar uma organicidade maior. As iniciativas que temos são muito legais (...) e elas geram resultado, mas não conseguem, individualmente, implementar uma visão conjunta — explica Audy.
Participando diretamente da Holanda, país que implementou estruturas de sucesso na contenção de cheias, a pesquisadora e professora de projeto urbano na Universidade Técnica de Delft, Taneha Kuzniecow Bacchin, destaca a relevância da existência de lideranças hídricas e que tratam do solo.
— Um conceito que foi muito importante no contexto holandês nos últimos anos foi o de segurança multinível. (...) São três níveis de base no planejamento e gestão das águas. O primeiro é o de proteção, com os diques e a engenharia contra inundações. O segundo é o do planejamento espacial, com pequenas e médias intervenções, como o zoneamento (...). O terceiro nível é o emergencial, focado nas questões de evacuação e estrutura crítica — informa.
Por fim, em uma experiência local, o presidente da Associação dos Empresários do 4º Distrito Vítimas da Enchente, Arlei Romeiro, apresentou as medidas que estão sendo implementadas nesta região de Porto Alegre, fortemente atingida pela enchente. Segundo Romeiro, o grupo está mobilizado e unido na retomada local.
— A associação está desenvolvendo um calendário de eventos para o próximo ano, para tentar buscar investimentos com base na Lei Rouanet, para a gente ter um ano cultural muito forte no Quarto Distrito. (...) Carnaval, Saint Patrick’s, Festa Julina, Festival do Chope. A gente está trabalhando, inclusive, (...) com o desenvolvimento de uma identidade olfativa — ressalta, acerca de um perfume que será criado por uma empresária do ramo para propor uma memória positiva da região, com o objetivo de retirar o "cheiro da enchente" das lembranças.
A série especial do Painel RBS, alinhada ao movimento “Pra cima, Rio Grande”, começou em 27 de junho e já realizou duas edições - uma sobre a retomada do turismo no Rio Grande do Sul e outra sobre a retomada do Vale do Taquari. Outros debates serão realizados ao longo dos próximos meses, com foco em setores-chave da economia gaúcha.