Por meio de um trabalho conjunto de diversas instituições de ensino, de pesquisadores e da própria população de locais atingidos pelas enchentes será possível identificar as regiões com risco potencial inundações e deslizamentos, para minimizar os danos de ocorrências futuras. Batizado de "Mapa Cidadão", o projeto criado no ano passado, após a enchente de setembro que atingiu o Vale do Taquari, agora foi ampliado.
Idealizada pela Universidade do Vale do Taquari (Univates) e pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-UFRGS), a iniciativa conta com o apoio dos moradores locais para mapear as áreas afetadas pelo desastre climático. Os pesquisadores pedem que as pessoas contribuam pelo WhatsApp, enviando dados de localização, registros (fotos, vídeos ou áudios) e relatos sobre como o evento climático atingiu sua região.
Assim, além de abranger a área dos rios Caí, Taquari e das Antas, como foi feito inicialmente, será possível analisar todas as bacias hidrográficas do Estado.
— Fizemos contato com outras universidades e essa rede foi se ampliando. Assim, será possível amplificar a nossa gama de mapeamento. É importante que as pessoas entendam o que está acontecendo na região delas, e que saibam dos riscos nessas regiões. Isso contribui para fortalecer uma cultura de prevenção. Precisamos pensar em como garantir uma qualidade de vida maior a essas pessoas, e quando elas participam disso elas passam a ter condições de cobrar políticas efetivas. Garantir essa prevenção é papel do poder público — afirma a engenheira ambiental e professora da Univates, Sofia Royer Moraes.
Segundo a pesquisadora, cerca de 150 pessoas já enviaram informações para alimentar o Mapa Cidadão, que pode ser conferido neste link pelo Google Maps. Os pontos em azul indicam áreas onde houve inundação, e os pontos em marrom mostram onde houve deslizamentos, ou zonas sob risco de isso acontecer. Após serem validadas as informações enviadas pela população, serão incluídos mais pontos e o mapa será atualizado de forma recorrente.
Apoio conjunto entre universidades
Além da UFRGS e da Univates, agora também apoiam o projeto a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a Universidade Feevale, a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade de Caxias do Sul (UCS), o Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e a Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro).
O objetivo é potencializar o alcance do projeto, para haver a adesão de habitantes de diferentes regiões do Estado, uma vez que as enchentes atingiram boa parte do RS. Foram afetados, no total, 461 municípios, conforme o último balanço da Defesa Civil estadual.
As imagens e as localizações informadas pela população serão, também, cruzadas com dados e softwares especializados para atualização de modelagens. O trabalho poderá ser utilizado para orientar a gestão urbana, como na atualização de planos diretores dos municípios, por exemplo.
— As mudanças climáticas que estamos vivendo afetam todo o Estado. Precisamos direcionar esses dados para cada região do RS, para identificar as cotas de inundação, criar rotas e estratégias mais adequadas para destinação de resíduos, e olhar para os problemas de saúde pública gerados nessas regiões impactadas pelas inundações. Muito se fala na reconstrução dos municípios, mas precisamos de políticas públicas para avaliar isso — explica a professora.
A iniciativa também busca promover a prática da ciência colaborativa com a população local, permitindo que a comunidade auxilie na compilação de informações sobre as áreas que as enchentes atingiram. Posteriormente, esses dados serão utilizados para embasar estudos científicos e diretrizes para gerar políticas públicas.
Como contribuir com o "Mapa Cidadão"
1 – Clique no link ou adicione o contato do IPH-UFRGS no seu WhatsApp (+55 51 3308-7976)
2 – Caminhe com o celular até o local onde ocorreu o deslizamento ou onde você sabe que foi o limite da inundação, desde que seja seguro!
3 – Na conversa, clique no clips e escolha "Localização", e em seguida “Localização Atual”
4 – Compartilhe a foto do local, clicando no clips e escolhendo “Câmera”, e em seguida tirando uma foto do local atingido
5 – Fique à vontade para mandar mais informações como data e hora da ocorrência ou qualquer outro detalhe adicional
6 – Pronto! Você contribuiu para o "Mapa Cidadão"!