O Complexo do Cristo Protetor de Encantado, no Vale do Taquari, foi palco da integração da religião e da cultura gaúcha, com a celebração da primeira Missa Crioula no local. As atividades ocorreram no fim da tarde deste sábado (2) e reuniram centenas de fiéis, segundo a organização.
A cerimônia foi realizada na Capela São João Batista Scalabrini – ainda em construção – e foi conduzida pelo padre Genoir Pieta durante cerca de uma hora.
— O padre fez um sermão com algumas palavras que o gaúcho costuma falar. Tivemos gaita, violão, mulheres no vocal, todo mundo devidamente pilchado, cantando músicas do tradicionalismo — contou Geovani Dalpian, patrão do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Giuseppe Garibaldi.
Depois da missa, o CTG e o Grupo de Artes Nativas Anita Garibaldi, ambos de Encantado, fizeram uma apresentação de dança em um tablado aos pés do Cristo Protetor.
— Geralmente o encontro ocorre com a comunidade na Semana Farroupilha. Por isso uma iniciativa assim é importante para fomentar nossa cultura e mostrarmos nossas entidades — comentou o patrão.
Também conhecida como missa campeira, a atividade é uma manifestação religiosa típica do sul do Brasil, especialmente no Estado. Ela se diferencia de outras celebrações tradicionais por incorporar elementos da cultura gaúcha e crioula: músicas folclóricas, vestimentas características dos peões e prendas, além do uso de símbolos como o mate e o lenço são comumente usados.
Vanessa Goldoni, diretora de logística da Associação Amigos do Cristo, relatou ter visto pela primeira vez uma missa do gênero.
— A oração e a condução da missa são as mesmas, mas os víveres são totalmente diferentes. Ela teve elementos que nos trouxeram aconchego e resgataram a história, que, por vezes, não está no nosso dia a dia. Foi emocionante. Deu um nó na garganta — relatou.
Segundo Vanessa, a ideia é incluir o evento no calendário anual de atividades do Cristo Protetor; o que falta é definir uma data para isso.
— O mais importante é a participação da comunidade, que nos dá ânimo para seguir com o projeto. O Cristo Protetor é ecumênico, mas temos uma parceria com a Igreja Católica e vamos organizar uma programação com missas, caminhadas e peregrinações — acrescenta Vanessa.