Na manhã desta terça-feira (25), foi apresentado à comunidade de Novo Hamburgo o projeto de conservação e restauro do Monumento ao Imigrante e implementação do Memorial Monumento ao Imigrante. A proposta foi aprovada pelo Conselho Estadual de Cultura e já está apta para financiamento através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC-RS), pelo programa Pró-Cultura RS.
Para que o projeto se torne realidade, será preciso que a comunidade hamburguense, a partir do ambiente empresarial, patrocine a iniciativa, através da Lei de Incentivo. Com um total de R$ 1.565.302,18 autorizados para captação, o projeto está dividido em três etapas.
Durante café da manhã realizado na sede da Sociedade Aliança - onde o marco está localizado -, entidades da região, instituições de ensino, lideranças locais e imprensa estiveram presentes para conhecer o projeto que marcará o Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil. A presidente do Conselho Estadual de Cultural, Consuelo Vallandro também esteve presente na apresentação.
A prefeita Fátima Daudt afirmou que se trata de uma forma de valorização:
— Nossa cidade surgiu a partir dos passos dos primeiros imigrantes. Restaurar este monumento é respeitar e manter vivo o legado deles.
O secretário Municipal de Cultura de Novo Hamburgo, Ralfe Cardoso, falou sobre a apresentação do projeto ser o marco da contagem regressiva de 365 dias para as comemorações do Bicentenário, que ocorre em 25 de julho de 2024.
— É uma coincidência muito feliz de um trabalho que iniciou em 2018, quando a secretaria estruturou o projeto básico para depois chamar as parcerias, como a Sociedade Aliança e a Associação de Moradores e Empreendedores de Hamburgo Velho (AME). A finalidade da política pública é atender o que a comunidade deseja. Dessa forma não adianta decidirmos algo em gabinete que não seja orgânico e verdadeiro—aponta Cardoso.
Projeto
O projeto está dividido em três etapas. O primeiro estágio envolve as ações de restauro e conservação do Monumento ao Imigrante, que se encontra em deterioração. Além da recuperação, a proposta inclui adaptações à acessibilidade física, iluminação, paisagismo e ações de Educação Patrimonial.
A segunda etapa terá a pesquisa e formatação do Memorial Monumento ao Imigrante, resgatando a história da criação, construção e usos do espaço, a partir de 1923. A terceira parte é a apresentação de todo o conjunto em um evento à comunidade, com o local restaurado e o memorial disponível com exposição física, totem interativo, maquete tátil e uma publicação impressa.
O secretário afirmou não ter dúvidas sobre a captação de recursos para realizar o restauro. E que este é o momento de ressaltar o povo alemão que contribuiu para o desenvolvimento humano e social da cidade.
— Estamos vendo o calendário surgir na frente e a ansiedade é para que no Bicentenário a gente tenha essa obra entregue. Então, daqui um ano o desejo é estar com esse projeto concluído e ele poder ser visitado e consumido enquanto produto cultural, para que as pessoas possam beber desta fonte da memória da cultura alemã — declarou.
Cardoso explica, ainda, que dentro do que é possível e do que existe hoje de mecanismos de inclusão, a visitação ao monumento está sendo pensada para tornar o local acessível a todos os públicos.
— Teremos uma maquete tátil para que as pessoas de baixa visão possam sentir e experienciar esse momento, material escrito em braile e também audiodescrição. Além de toda a apropriação pedagógica que vai ter após a entrega do Monumento, que será a visitação acompanhada, caso seja necessário.
Patrimônio histórico
Criado em homenagem aos 100 anos da Imigração Alemã e inaugurado na época da emancipação de Novo Hamburgo (1927), o Monumento ao Imigrante é o mais antigo da cidade. Em 2008, foi tombado pelo município por seu valor histórico e cultural. No formato de monumento-mirante, reúne a função memorial e histórica aliada à experiência paisagística.
— O Monumento ao Imigrante é fundamental, pois ele é o mais antigo da cidade e comprova sua importância , visto que está na bandeira do nosso município . É um atrativo que devemos potencializar, por questões turísticas e educacionais. — defende Guilherme Henz, presidente da AME.
A ansiedade é para que no Bicentenário a gente tenha essa obra entregue
RALFE CARDOSO
Secretário de Cultura de Novo Hamburgo
Henz destaca ainda que o projeto não é da Aliança, da AME ou da Secretaria de Cultura, mas sim da comunidade:
— Assim, pedimos que todos se envolvam em prol deste restauro. Agora o momento mais importante é o da captação, mas que deve se desenrolar nos próximos meses. Esperamos que no segundo semestre de 2024, ele possa estar restaurado, aponta o representante da entidade realizadora do projeto.
Segundo ele, o envolvimento da comunidade é essencial para o sucesso e sentido do projeto. Da mesma forma como o monumento foi construído.
— Se a gente não entender nos dias de hoje que esse mesmo movimento precisa existir, deixa de fazer sentido— enfatiza Henz.
O arquiteto Jorge Stocker Júnior, coordenador e responsável técnico do projeto de restauro, reforçou a relevância do envolvimento da comunidade neste processo.
— O restauro não é um fim, mas sim o começo de uma construção comunitária. O monumento é uma tipologia inspirada nas Torres de Bismarck, construídas na Alemanha entre o final do século 19 e início do século 20. A obra marca não apenas uma referência histórica – no caso, a Imigração Alemã no Brasil - mas também como foi criada para valorizar a paisagem e o desenvolvimento da época da emancipação, com seu mirante que permite contemplar toda a região— explica.