É bastante comum que crianças tenham amigos imaginários durante sua fase de desenvolvimento. Eles são personagens fictícios criados pela imaginação e podem desempenhar um papel importante na vida cotidiana dos pequenos. Embora possam parecer irreais para os adultos, eles têm um significado especial para as crianças e desempenham diversas funções em seu mundo emocional e social.
— No universo infantil, os amigos invisíveis são aqueles que as crianças criam na fantasia delas, o que, além de saudável, é muito importante para ajudá-las a lidar com algumas questões para as quais ainda não teriam repertório. São aspectos emocionais e sociais como ter medo do escuro, de ficar sozinho, de não ter muitos amigos etc — explica Paula Pessoa Carvalho, psicóloga com formação em terapia analítico-comportamental infantil pelo Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento.
Segundo Paula Pessoa Carvalho, o amigo imaginário é um aliado da criança para resolver aflições, sendo uma fonte de conforto, companhia e entretenimento, especialmente em momentos de solidão ou tédio. Ademais, a presença deles é provável entre filhos únicos, pois eles não têm com quem compartilhar as percepções da vida.
— Quando há irmãos, eles têm um modelo, podem até brigar, mas aprendem juntos a resolver — explica a psicóloga.
Identificando se a relação é saudável
Para ajudá-lo a ponderar até que ponto o amiguinho invisível de seu filho faz bem para ele, tenha atenção aos sinais que a psicóloga aponta:
- Ele fala o tempo todo no amigo invisível?
- Não consegue estabelecer outras relações?
- Na escola, briga o tempo todo?
- Empresta seu brinquedo apenas para ter o amiguinho real por perto?
Embora seja normal e saudável que crianças tenham amigos imaginários, é importante que os adultos compreendam e respeitem essa fase de desenvolvimento. Por isso, é fundamental não desvalorizar ou ridicularizar, pois isso pode inibir a imaginação da criança e minar sua confiança emocional.
— Não renegue o amigo imaginário, participe dessa relação e procure saber mais sobre ele — recomenda a especialista.
Até quando dura essa amizade?
À medida que as crianças crescem e amadurecem, é comum que os amigos imaginários desapareçam naturalmente. Ainda, são saudáveis desde que tenham uma participação confortante na vida das crianças até os oito anos.
— Se, ao entrar na pré-adolescência, a criança continuar com o amigo, é porque está com dificuldade de viver a realidade. Então, é recomendável procurar um profissional que a ajude a desenvolver repertório e não precise mais da fantasia para resolver os medos, as frustrações, as noções de limite e as demais adversidades do dia a dia — salienta Paula Pessoa Carvalho.