Produtor rural no Lami, extremo-sul de Porto Alegre, Luiz Helio Girotto, 62 anos, colhe 300 quilos de pitaia por semana e vende para três supermercados da região. Cerca de 50 quilos de frutas com machucados, consideradas "feinhas", mas plenamente adequadas para consumo, são doados ao Pomar Solidário.
A campanha do Sesc-RS recolhe frutas, verduras e legumes que ficam sobrando em residências com hortas e pomares, além de propriedades rurais, como a de Girotto. A ideia é dar um destino melhor a alimentos que poderiam apodrecer no gramado e até ir para o lixo, repassando-os a instituições sociais que ajudam pessoas em situação de vulnerabilidade.
Girotto cultiva pitaias de diversos tipos em 1,7 hectare da produção que mantém no Lami em parceria com a esposa, Maria Elisabete Franco, 68, e o sócio, Luis Carlos da Silva, 54. Há variedades do Brasil, do México, da Nicarágua, de Israel e até da China, garantem eles.
Como as pitaias com alguma rachadura ou falha não são do agrado da clientela nos supermercados, há um ano eles entregam as frutas rejeitadas ao Pomar Solidário.
— Por questão de consciência, decidimos doar essa cota que sobra. Há cinco anos, quase não se comprava pitaia no supermercado porque era cara. Hoje, uma criança da creche ou do asilo pode comer nossa pitaia fresquinha — diz Girotto, que há 10 anos decidiu abandonar a cidade para viver no meio da natureza.
No supermercado, a pitaia custa, em média, R$ 15 o quilo - uma fruta para quem tem poder aquisitivo. As cestas que Girotto entrega semanalmente ao Pomar Solidário são destinadas a instituições que fazem parte do Mesa Brasil, programa mais abrangente do Sesc-RS, fundado há 20 anos para combater o desperdício de alimentos e com unidades coletoras em Cachoeira do Sul, Ijuí, Lajeado, Rio Grande, Santa Maria, Erechim e Porto Alegre.
Segundo Vera Mejolaro, nutricionista do Mesa Brasil que costuma passar pelas residências e propriedades recolhendo as doações, essas frutas, legumes e verduras que sobram ajudam a complementar as refeições de quem pouco tem o que comer.
— As instituições sociais têm recursos limitados até para comprar o feijão e o arroz do dia a dia. Falta dinheiro para comprar alimentos ricos em sais minerais e vitaminas. Levar essas doações de alto valor nutricional, e que seriam desperdiçadas, é o foco do Pomar Solidário —diz.
De acordo com Luciana Basile, coordenadora dos programas de assistência do Sesc-RS, qualquer pessoa com horta ou pomar em casa pode doar os alimentos excedentes ao Pomar Solidário. Desde que os produtos estejam em condições para servir de refeição.
— Pode ter horta com tomate, alface, ou árvore com bergamota. Queremos evitar o desperdício de tudo aquilo que sobra e iria para o lixo. O produto pode estar mais maduro, mas precisa estar bom para o consumo humano. A gente vai com nossa equipe e faz a colheita desse produto excedente. Não tem mínimo nem máximo: pode ser doada qualquer quantidade — diz.
Em 2022, foram doadas cerca de 34 toneladas de alimentos ao Pomar Solidário. As rotas de coleta são feitas de segunda a sábado nos municípios que participam do Mesa Brasil e também nas regiões próximas. Cerca de 950 entidades sociais são beneficiadas. Quem deseja participar doando frutas, legumes e verduras frescos, recém colhidos de hortas ou pomares, sem pragas ou bichos, pode entrar em contato com a unidade mais próxima.
Contatos do Pomar Solidário:
Porto Alegre - (51) 3224-1268
Rio Grande - (53) 3235-1432
Santa Maria - (55) 99163-2418
Cachoeira do Sul - (51) 3723-1101
Ijuí - (55) 3333-0801
Lajeado - (51) 99002-3138
Erechim - (54) 3522-8076