Protagonistas de um caso de repercussão nacional depois de a mãe, de São Luiz Gonzaga, nas Missões, ter um pedido de aborto negado pela Justiça, as gêmeas siamesas Milena e Sofia faleceram no início da madrugada desta terça-feira (28), na véspera de completarem quatro meses de vida. Elas estavam internadas desde o início de janeiro na UTI pediátrica do Hospital Vida e Saúde, de Santa Rosa, na Região Noroeste.
De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, o óbito ocorreu à 1h5min, por falência de múltiplos órgãos, "muito em função de um histórico de prematuridade extrema e malformações". As irmãs tinham um único tronco e duas cabeças. Nos últimos dois meses, os pais, Marciano da Silva Mendes e Lorisete dos Santos, revezavam-se na companhia das crianças, viajando semanalmente entre São Luiz Gonzaga e Santa Rosa.
Milena e Sofia nasceram no Hospital Fêmina, em Porto Alegre, em 1º de novembro de 2022, com 32 semanas, de cesariana, pesando 3,4 quilos. O casal se mudou provisoriamente para a Capital depois de se esgotarem os recursos judiciais, no Supremo Tribunal Federal (STF), para interrupção da gravidez. A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul sustentou que, de acordo com informações médicas, os fetos não tinham potencial de vida fora do útero, além dos danos causados à saúde física e psíquica da mãe.
Após o nascimento, Marciano e Lorisete se mantiveram em Porto Alegre por dois meses, contando com doações do público que se sensibilizava com a história e recursos da Secretaria Municipal de Saúde de São Luiz Gongaza. Em dezembro, a Justiça determinou que o Estado pagasse uma ajuda de custo ao casal. Ele é pedreiro e ficou impossibilitado de pegar novos serviços. Ela, auxiliar de serviços gerais, estava no final da licença-maternidade.
— Largamos nas mãos de Deus — disse Marciano a GZH dias após o nascimento das filhas.