O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê a conclusão da cobertura completa dos setores do Censo 2022 ainda no mês de janeiro. Faltando uma semana para o final do prazo, o desafio é grande, já que há cidades que nem iniciaram algumas áreas.
No Rio Grande do Sul, isso ocorre com 1,6% dos 25.063 setores, conforme a última atualização no portal do IBGE, publicada nesta terça-feira (24). O balanço parcial ainda aponta que 79,8% dos setores foram concluídos e 18,6% seguem em andamento.
Em municípios como Dois Irmãos das Missões, no Norte do Estado, e Porto Vera Cruz, no Noroeste, o sistema mostra que metade dos setores ainda nem não foi iniciada (as duas cidades estão divididas em oito áreas). Já em Amaral Ferrador, no Sul, e em Dom Pedro de Alcântara, no Litoral Norte, todos os setores ainda estão em andamento, não havendo nenhum já finalizado. Em Porto Alegre, dos 2.649 setores, 67,8% foram encerrados, 30% estão pendentes e 2,2% não foram iniciados.
Em comparação com outros Estados, o Rio Grande do Sul ocupa a sexta posição entre as unidades da federação que apresentam mais pendências para completar os setores, ficando atrás de Roraima (68,7% concluído), Goiás (73,2%), Minas Gerais (78%), Mato Grosso do Sul (78,1%) e Mato Grosso (78,6%).
GZH questionou o IBGE sobre os fatores que podem estar causando a dificuldade de cobertura dos setores. O instituto esclarece que, em casos como o de Dois Irmãos das Missões, a coleta já foi feita em todos os domicílios. No entanto, existe a possibilidade de alguns setores serem reiniciados para alguma revisão, fazendo com que o sistema automatizado mude o status para "não-iniciados" ou "em andamento".
Sobre a situação atual do Censo 2022, o IBGE afirma que domicílios que ainda não foram recenseados devem ligar para Disque-Censo (137), serviço disponibilizado para que a população possa agendar a visita de um recenseador em casa. A Superintendência Estadual ainda diz que “em fevereiro, permanecerá em andamento o processo de revisão, controle de qualidade e apuração do Censo, com tentativas de reversão de recusas, revisitas a domicílios com morador ausente para realização de entrevistas, além de verificação de domicílios vagos, de uso ocasional, possíveis duplicidades e omissões e preparação para divulgação”.
A previsão é de que o órgão divulgue os resultados definitivos do Censo referentes à população dos municípios em março de 2023. Em fevereiro, um balanço parcial também será informado.
Iniciado em agosto de 2022, o Censo deveria ter sido concluído em dezembro no mesmo ano. No entanto, fatores como recusa de moradores e falta de recenseadores impactaram no progresso, que foi adiado para o começo de 2023.
Atraso de pagamentos
Além da busca para conseguir finalizar o Censo, há também relatos de recenseadores que afirmam estar com pagamentos atrasados. É o caso de Patrick Peixoto, 36 anos. Ele conta que trabalhou de agosto a dezembro de 2022 e recebeu apenas um adiantamento de R$ 120 reais.
— O que eles alegam é um atraso devido à transição de governo. Já haviam sido cortadas verbas do IBGE e aí, com a transição de governo, eles estão alegando esse atraso devido a esse problema — afirma.
Patrick diz que recebeu a informação de que quando um setor é fechado, passa por três supervisões, levando cerca de 15 dias até receber o pagamento.
— Era pra ter terminado o ano com pelo menos o salário do meu primeiro setor, e não aconteceu isso. Então, já estão aí com mais de 30 dias de atraso do primeiro setor e nunca dão uma previsão certa. “Até o dia tanto vai entrar”, aí tu espera, olha e nada. Todos os dias são assim. Eles não dão uma data, uma previsão certa, só falam que ainda vai ser pago — lamenta Patrick, que alega que seus dois setores já passaram pela revisão.
Em nota, a Superintendência Estadual do IBGE explicou que “houve um breve represamento de pagamentos entre os dias 1 e 9 de janeiro devido à troca de exercício fiscal, situação que já está totalmente normalizada”.
Questionada sobre os relatos atuais, o órgão afirmou que “os recenseadores recebem por produtividade. Os demais casos de reclamações possivelmente se dão por parte de trabalhadores que não concluíram um setor censitário. Nestes casos, o pagamento completo só ocorre quando o setor é finalizado por outro recenseador".
Com a previsão de conclusão dos setores até o final de janeiro, a superintendência confirmou que os pagamentos serão efetuados após o encerramento desse prazo.