Ketlin Tainara Schneider, de 27 anos, tinha terminado de escrever um livro em novembro de 2020, mas ainda não sabia qual seria o título. No material, a moradora de Estrela, no Vale do Taquari, narrava como é conviver com o diagnóstico de deficiência mental leve. A frase que ocuparia a capa da obra foi escolhida em uma madrugada daquele mesmo mês:
— Não sabia o nome que daria para o livro. Pedi a Deus, e Ele me mandou a "A borboleta que aprendeu a voar sozinha" em um sonho, de madrugada, e escrevi em um guardanapo — conta.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a deficiência mental leve é um transtorno neurológico caracterizado por dificuldades de aprendizagem. Por vezes, a condição é diagnosticada tardiamente ou nem sequer é descoberta. No caso da autora, os pais descobriram quando ela tinha 12 anos.
Ketlin diz cultivar a ideia de escrever um livro desde os 18 anos, mas não havia contado o desejo a ninguém. Foi em março de 2020 que ela decidiu consumar o plano. Os pensamentos foram primeiro escritos à mão em um caderno; meses depois, teve início a digitalização do conteúdo para o computador.
Quando pronto, o material foi enviado a mentores, que formataram o livro digital e presentearam a escritora. A autora vendeu a versão digital do livro até agosto deste ano, quando lançou também a obra impressa. O livro físico teve o primeiro lote — com cem exemplares — esgotado (veja abaixo como comprar o digital).
Conteúdo
No livro, a jovem conta as dificuldades enfrentadas durante toda a vida. No início, ela narra quando precisou estudar à noite no Ensino Médio. "Foi a pior fase de meus conhecimentos pessoais, foi aí que conheci o bullying e o preconceito, meus colegas faziam bullying comigo todas as horas em sala de aula".
Há, por outro lado, momentos de conquistas: o ingresso na faculdade de Gestão de Recursos Humanos, em 2015, curso em que se graduou em 2021 na faculdade La Salle, em Estrela. Diz ter escolhido a carreira por seu dom ser "cuidar das pessoas".
As páginas não tratam apenas da vida da autora e como ela convive com a deficiência: o livro traz informações sobre a condição, e temas relacionados com ansiedade, solidão, remédios, o modo correto de se referir às pessoas com deficiência e do erro que é usar a denominação "retardo mental".
Inspiração
Quando perguntada sobre escritores que lhe inspiraram, Ketlin não tem dúvida: Augusto Cury, autor brasileiro traduzido em 70 países, com mais de 25 milhões de livros vendidos somente no Brasil. Dele tem diversos livros: Em busca do sentido da vida e Sabedoria nossa de cada dia acompanham a jovem há anos.
Além do desejo pessoal de ser uma escritora, Ketlin diz entender que contar a própria trajetória é também uma maneira de motivar pessoas com dificuldades similares:
— É para mostrar que, por mais que alguém tenha uma deficiência ou problema, somos capazes de conquistar o que queremos. Precisamos agarrar as oportunidades que temos e viver nossas vidas como se não houvesse amanhã. Nada é impossível: nesta vida se pode tudo.
Como comprar o livro: por esgotar o lote, a autora não tem hoje livros físico à venda, que devem estar disponíveis apenas em 2023. Assim, por enquanto, é possível apenas adquirir A borboleta que aprendeu a voar sozinha no formato digital. Interessados podem se informar nos contatos (51) 99479-5436 e (51) 99702-2665.