Morreu nesta terça-feira (1º) no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, o político gaúcho e ex-deputado federal Feres Jorge Rocha e Silva Uequed, aos 80 anos. Ele estava internado no Centro de Terapia Intensivo (CTI) há 20 dias em razão de complicações de um mieloma múltiplo, um tipo de neoplasia. Segundo o hospital, Uequed sofreu uma falência de múltiplos órgãos. O corpo está sendo velado, desde às 10h desta terça, e será sepultado às 17h no Cemitério Parque São Vicente, em Canoas, na Região Metropolitana.
Deputado Federal por cinco mandatos, Uequed iniciou a vida política aos 26 anos como vereador em Canoas, cidade onde morou desde a infância. Natural de Rio Grande, no sul do Estado, o ex-deputado mudou-se para a Região Metropolitana junto com a família, de origem libanesa, para empreender no ramo comercial.
Em nota, a Federação Árabe Palestina do Brasil afirmou que o ex-deputado foi um dos principais fundadores do bloco parlamentar de amizade Brasil-Povo Árabe, que tinha a questão da Palestina como sua maior agenda.
“Seu trabalho foi também crucial para a sedimentação das relações do Brasil com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), o que levou à admissão de um escritório de representação da organização em Brasília, em 1979. Lutar pelos direitos do povo palestino enchia Uequed de orgulho”, diz um trecho da publicação.
Um momento marcante da vida de Uequed foi estar presente no movimento Diretas Já durante a ditadura militar. Ele também atuou na elaboração da Constituição Brasileira de 1988. Uequed foi também professor, advogado, jornalista e empresário. Orador da primeira turma de Direito da Unisinos, fundou seu escritório de advocacia em 1972. Também foi proprietário da TV Guaíba e era o atual diretor do jornal O Timoneiro, de Canoas.
Ao longo dos 20 anos em que esteve na Câmara dos Deputados, apresentou 94 projetos de lei, além de emendas e outras propostas. Um dos projetos de maior destaque foi a criação da lei que deu origem ao seguro-desemprego, ao abono salarial e ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), base orçamentária para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Ainda entre os projetos de lei criados por ele estão a lei da anistia geral e irrestrita e os projetos para retirar da área de Segurança Nacional os municípios de Canoas, Osório, Tramandaí e Rio Grande, entre 1975 e 1983. O primeiro ajudou a pacificar o Brasil depois do regime militar e tornou permanente o registro provisório de estrangeiros no país. Já o segundo tinha como objetivo possibilitar que a população pudesse eleger seus prefeitos nestas cidades.
Em entrevista para o livro Sem Ódio e Sem Medo, que conta a sua biografia política, o ex-deputado afirmou que o gosto pela política surgiu no movimento estudantil, quando ele tinha apenas 12 anos. Em 2019, recebeu a medalha Pinto Bandeira, honraria máxima de Canoas dedicada para as principais lideranças do município e personalidades que tiveram atuação importante no desenvolvimento da cidade.
Ele deixa a esposa Rosemary, com quem foi casado por 50 anos, os filhos Luciane, Jorge e Gisele e os netos Yasmin, Luísa, Jorge e Santiago.