Com o objetivo de aumentar os recursos para, assim, auxiliar um número maior de famílias em vulnerabilidade, a Horta Comunitária Joanna de Ângelis inaugurou o brechó de mesmo nome, em Novo Hamburgo. A loja, que possui mais de 500 peças oriundas de doações, oferece vestuário feminino e masculino, além de antiguidades e produtos feitos artesanalmente por voluntários da instituição, tais como sabonetes. Funciona na Rua General Osório, 987, bairro Hamburgo Velho, de terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e nos sábados das 9h às 13h.
A instituição recebe anualmente cerca de 40 mil peças de roupas doadas. A partir disso, é feito uma seleção, onde a Horta os divide em itens para o novo brechó (que, geralmente, são aqueles que possuem pouco uso), itens para o brechó que fica localizado na sede da instituição e para doação às famílias (roupas que estão em boas condições e, se não doadas, são vendidas em valor simbólico, como R$ 2), itens para doação aos moradores de rua e itens doados para artesãos transformarem em outros produtos, tais como estopa e bolsas de retalhos.
O brechó Joanna de Ângelis recebe doações, e a novidade é a modalidade "vale-troca". Qualquer pessoa pode levar no mínimo 10 peças (roupas, calçados e acessórios) para trocar por produtos da loja. Segundo o presidente da Horta Comunitária, Gilmar Dalla Roza, o local dá um prazo de sete dias para que seja feita uma avaliação das peças e a geração do vale-troca.
Menos desperdício
Para Dalla Roza, além de ser uma fonte de renda para a Horta Comunitária, o brechó tem, também, um papel de fomento no conceito da sustentabilidade.
— Estamos fazendo um bem para o meio ambiente com o brechó que carrega e instiga o conceito de economia circular — garante.
Biólogo e doutor em Ecologia, Jackson Muller diz que iniciativas como o brechó, mesmo que numa escala pequena, evitam que roupas sejam jogadas em aterros e lixões.
— Estas iniciativas viabilizam seu novo uso, em um ciclo importante para reduzir o desperdício e os impactos ambientais — comenta.
Segundo o relatório da Rio Ethical Fashion de 2021, a indústria da moda é responsável por cerca de 8% das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo. "Cada calça jeans, por exemplo, 'bebe' mais de 5 mil litros de água desde a plantação até o consumidor final", diz o documento.
Apoio que ultrapassa as gerações
A instituição completou 32 anos de atividades neste ano. Atualmente, atende 135 famílias do bairro Rondônia e bairros vizinhos, o que totaliza em torno de 600 pessoas atendidas pelas ações sociais que a entidade desenvolve.
— As famílias vêm até a Horta, em sua grande maioria, por fome — relata Dalla Roza.
Ele comenta, também, que todas aquelas que necessitam de comida recebem uma cesta básica mensalmente, com itens que supram a necessidade de todos os integrantes. Para que isso ocorra, as crianças devem desenvolver alguma atividade dentro da Horta, tais como judô, música, artes cênicas, capoeira, informática, entre outras.
É o caso de dois dos três filhos de Evelin Morgana de Castro, 33 anos, que está desempregada há três meses. Os meninos, de sete e 10 anos, fazem semanalmente aulas de judô, música e cidadania. E ela garante:
— A cesta básica salva a gente no mês.
Evelin conhece a instituição desde pequena, porque sua mãe, Susana Doroti Schroer, 66 anos, também era uma das beneficiárias quando sua filha era criança. A aposentada garante que, quem tem a oportunidade de entrar para a Horta, deve aproveitar.
— É uma estrutura que tem um alicerce tão bom, eles deram uma orientação muito boa pros meus filhos e, agora, estão dando aos meus netos — diz, orgulhosa.