Primeira mulher a ser homenageada com o título de patrona dos Festejos Farroupilhas, Nilza Lessa, viúva do folclorista Luiz Carlos Barbosa Lessa, morreu na manhã da terça-feira (2), aos 90 anos. A notícia foi anunciada nas redes sociais do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que não informou a causa da morte.
As cerimônias fúnebres foram realizadas na tarde desta quarta-feira (3), no Crematório Ângelus, em Porto Alegre. "Que ela descanse em paz e reencontre seu amado no rancho da eternidade. Nosso profundo sentimento de pesar ao Guilherme (filho), à Valéria (filha), genro, nora e netos", despediu-se, em nota, a entidade tradicionalista.
Nascida em Santana do Livramento em 1932, Nilza formou-se professora e lecionou antes de conhecer aquele que viria a ser seu marido. O encontro com Lessa aconteceu em 1956, no 3º Congresso Tradicionalista Gaúcho, realizado em Ijuí, no noroeste do RS. Na oportunidade, o folclorista a pediu em casamento e disse que voltaria dentro de quatro anos para se casarem. Ele foi para São Paulo, a trabalho, e ela retornou a Uruguaiana, na Fronteira Oeste, onde lecionava. Passado o tempo planejado, Lessa voltou para buscar sua amada.
Depois da união, que durou 42 anos, o casal viveu em São Paulo por um período, onde o marido trabalhava como revisor e publicitário, e Nilza como produtora de televisão e de eventos. Foi lá que eles tiveram os dois filhos, Guilherme e Valéria. De volta ao Rio Grande do Sul em meados da década de 1970, Nilza foi gerente da churrascaria do 35 CTG e teve uma loja de artigos gauchescos na Praça XV, no centro de Porto Alegre. Mais tarde, foram para Camaquã, onde viveram em um sítio cultivando alimentos orgânicos, até o falecimento de Lessa.
Nilza, então, voltou para a Capital e mantinha suas atividades como artesã. Produzia colchas em patchwork, chaveiros, bolsas e artigos da indumentária típica do gaúcho. Confeccionava também bichinhos de retalhos, especialmente para o projeto dela Bichos do Mar de Dentro, inspirado em animais da fauna da Lagoa dos Patos.
Ela também foi um ícone do tradicionalismo gaúcho. Empenhou-se em manter o legado artístico do marido e foi a grande incentivadora de sua produção. Andava sempre vestida de prenda, em modelos que ela mesma costurava, para assegurar a fidelidade da roupa aos trajes originais. Esses foram alguns dos motivos que levaram a sua escolha, de forma unânime, para a patronagem dos Festejos Farroupilhas de 2012, quando recebeu diversas homenagens.