Desde 1º de agosto, o Censo 2022 já contou 2,5 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul, número que representa 4,2% dos brasileiros entrevistados. Até agora, 966,8 mil casas foram consultadas no Estado. Os dados foram apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (30) em Porto Alegre.
Segundo o coordenador do Censo no Rio Grande do Sul, Luís Eduardo Puchalski, o número de pessoas recenseadas está um pouco abaixo do esperado para agosto. Por conta disso, o levantamento não irá se encerrar no dia 31 de outubro, como previsto. O estudo populacional vai se estender até o mês de novembro e há chances de seguir até dezembro.
— Em função de estarmos com a força de trabalho abaixo do ideal, dificilmente vamos concluir a coleta até dia 31 de outubro. Vamos avançar para o mês de novembro, certamente, mesmo que mais pessoas forem incorporadas para o trabalho da coleta. Eventualmente, podemos entrar em dezembro. Mas a gente acredita que até 31 de outubro a grande maioria dos domicílios terá sido visitada — disse Puchalski
No Brasil
Em todo o país, o Censo já contou quase 60 milhões de pessoas. O IBGE ainda enfrenta dificuldades de contratar os recenseadores, um dos fatores que influencia no prazo para a coleta de dados. Atualmente estão em campo 144.634 recenseadores, 78,8% do total de vagas disponíveis.
O Estado com maior déficit de recenseadores é o Mato Grosso, com apenas 51,2% do número de vagas preenchidas. Já Alagoas está com 99,6% dos postos ocupados.
O gerente técnico do Censo, Luciano Duarte, avalia que o instituto esteja enfrentando mais dificuldades de preencher as vagas nos Estados onde a taxa de desemprego é mais baixa.
— A gente acredita que seja uma consequência do mercado de trabalho. Os Estados com maior taxa de desocupação são os que o IBGE tem maior atratividade para o trabalho do Censo. Em Estados, em municípios, onde têm situação de quase pleno emprego, a gente tem desafios — completou.
Greve
Os recenseadores contratados temporariamente têm se mobilizado por uma greve nacional em 1º de setembro, por melhores condições de trabalho. Eles se queixam do atraso nos pagamentos e dificuldades de serem recebidos pela população, entre outras demandas. O IBGE informou que estava trabalhando para mudar procedimentos operacionais e assim restabelecer os pagamentos em dia.
Duarte reconheceu que tem ocorrido casos de agressões e racismo da população contra recenseadores, mas que são pontuais.
— Tem acontecido, mas é pontual —disse.
Segundo ele, a grande maioria dos moradores já visitados recebe o recenseador com hospitalidade. O IBGE também lamentou os casos de assaltos a recenseadores, alertando que os dispositivos de coleta que têm sido roubados não têm qualquer funcionalidade além da transmissão de dados para o IBGE.
— Temos casos de assaltos, estão levando dispositivo móvel dos recenseadores. Esclarecemos que aquilo não é aparelho telefônico. Roubar aquilo é roubar tijolo, é roubar lixo, não serve pra nada — disse Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE.
— Numa operação desse porte, a gente acaba lidando com situações adversas — complementou Duarte.
Números
Na manhã desta terça-feira, o total de população recenseada era de 59.616.994. Segundo um balanço parcial divulgado pelo instituto, até segunda-feira (29), 58.291.842 pessoas haviam sido contadas em 20.290.359 domicílios brasileiros. Até o momento, 47,8% da população recenseada eram homens e 52,2% eram mulheres.
No Rio Grande do Sul, de 2.497.756 pessoas recenseadas em 966.837 domicílios, 52,3% eram mulheres e 47,6% eram homens. A maior parte das pessoas - 962.779, o que representa 99,5% - respondeu ao questionário de forma presencial, na hora da visita do recenseador, enquanto 2.322 pessoas responderam pela internet (0,24%) e 1.736 (0,17%) pelo telefone — em ambos os casos, após a visita do recenseador.
Do total de pessoas recenseadas no país, 36,51% estavam na região Nordeste, 35,51% no Sudeste, 11,87% no Sul, 9,44% no Norte e 6,67% no Centro-Oeste. As equipes já estão trabalhando em 38,4% dos 452.246 setores censitários urbanos e rurais do país. O Estado com a coleta mais adiantada é o Rio Grande do Norte, com 53% dos setores sendo trabalhados, enquanto o Mato Grosso tem o menor porcentual, 21,81%.
Segundo o IBGE, 2,3% dos domicílios se recusaram a responder, porcentual considerado baixo e ainda sob expectativa de que seja reduzido até o fim da operação. No Rio Grande do Sul, essa taxa é de 1,4%.
— O índice final de recusa é muito baixo — observou Cimar Azeredo.
O diretor de Pesquisas ressalta, porém, que o índice de recusa inicial "é muito alto", o que dificulta o trabalho do recenseador e torna o processo de coleta "menos célere". Azeredo pediu a adesão dos prefeitos para aumentar a publicidade e recepção da população ao trabalho do recenseador.
— Precisamos que cada prefeito se torne anfitrião do recenseador. Os grandes protagonistas deste Censo são os recenseadores — afirmou.
O balanço parcial mostra que 88,2% dos domicílios (17.697.415) responderam ao questionário básico e 11,8% (2.365.208) ao ampliado, o que o órgão diz ser consistente com a amostra pré-definida. O tempo mediano de preenchimento foi de seis minutos para o questionário básico e de 18 minutos para o questionário ampliado.
A maior parte dos questionários, 99,7%, foi respondida de forma presencial. Apenas 34.055 domicílios optaram por responder pela internet e 30.202 pelo telefone.
Indígenas e quilombolas
Uma novidade do Censo 2022 é a contagem de quilombolas, que são os descendentes de escravizados que moram em territórios reconhecidos como quilombos. As coletas anteriores incluíam esses grupos no recenseamento, mas não os identificavam do restante da população, como era feito com os indígenas.
Até segunda-feira (29), 386.750 quilombolas haviam sido recenseados em todo o Brasil, o que representa 0,66% da população brasileira entrevistada até o momento, além de 450.140 indígenas, o equivalente a 0,77% dos entrevistados. No Rio Grande do Sul, 3.791 quilombolas e 4.399 indígenas já participaram da pesquisa.