Com o objetivo de promover inclusão social por meio da gastronomia, o projeto Yocuta ofereceu, entre outubro e novembro, aulas gratuitas para jovens com deficiência intelectual. As atividades foram realizadas na cozinha da faculdade de gastronomia da UniRitter, na zona norte de Porto Alegre, e tiveram o encerramento oficial no dia 3, quando ocorreu a formatura dos 26 alunos — junto aos familiares ou responsáveis que também participaram do curso. A inciativa é desenvolvida pela Nestlé Professional América Latina com a UniRitter e o Instituto Social Pertence (ISP).
Coube ao ISP selecionar os inscritos. Todos passaram por uma triagem inicial para conhecer melhor as dinâmicas. Na sequência, foram iniciadas as aulas (seguindo os protocolos sanitários da covid-19), divididas em módulos: técnicas de cozinha, chocolate, padaria e massas frescas.
— Em 2019 aconteceu a primeira edição, voltada para imigrantes. Em 2020, infelizmente, não conseguimos realizar. Este ano, voltamos. Trouxemos junto o Instituto Pertence, com o objetivo de que o público atendido por eles tenha melhores oportunidades de trabalho — afirma o chef Moisés Basso, coordenador do curso de gastronomia da UniRitter e responsável por ministrar as aulas do projeto. — A expectativa é de, no ano que vem, realizarmos uma edição por semestre — ressalta.
Efeito positivo
Kevin da Silva Marques e a mãe, Vera Marques, participaram do Yocuta. O jovem conta que já gostava de cozinhar e pretende colocar os ensinamentos em prática para realizar planos futuros:
— Encontrei, aqui, um jeito de me aperfeiçoar. Eu pretendo ser dono de restaurante.
O colega de curso Gabriel Silva tem o mesmo desejo em mente. Enfático ao afirmar que gostaria de fazer também aulas de culinária japonesa, ele foi acompanhado pela mãe, Carina Pereira, ao longo das atividades realizadas na UniRitter. Ambos souberam do projeto a partir de um contato do colégio no qual Gabriel estudava.
— Tive que deixar meu emprego quando minha mãe faleceu. Agora eu vendo lanches e o meu filho tinha uma certa resistência para panificação, porque não sabia o que era. Eu explicava sobre pães, tentamos outros cursos, inclusive — conta Carina.
O novo conhecimento surtiu efeito positivo na família.
— Depois que aprendi sobre panificação, eu me apaixonei — garante, orgulhoso, Gabriel.
Estimulados a vencer barreiras
Além das práticas gastronômicas, o Yocuta proporcionou dicas comportamentais para entrevistas de emprego, montagem de currículo, dentre outros auxílios na área de RH. Tudo alinhado ao intuito de fazer com que os alunos fossem estimulados a vencer barreiras e vivenciar experiências marcantes.
— A ideia é que os jovens com deficiência intelectual tenham uma história para contar em casa. Por isso é fundamental tirar eles das quatro paredes. Unidos, a gente tem resultados mais fortes. Estamos muito orgulhosos em fazer parte dessa construção junto à Nestlé e à UniRitter — destaca Victor Freiberg, diretor do Instituto Social Pertence (que atende mais de 500 pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social).