O coronavírus deixou tristeza para milhares de famílias, mas também houve quem conseguiu passar pelos primeiros 12 meses da pandemia superando obstáculos, distribuindo amor e inspirando pessoas. GZH conta histórias inéditas e revisita outras três publicadas ao longo de 2020. Elas mostram que, mesmo em meio às dificuldades, é possível encontrar esperança e compartilhá-la. Conheça, abaixo, a história de Rafaela:
Quando trocou de escola, no início de 2020, Rafaela Julien Nienow, 16 anos, de Dois Irmãos, sabia que teria meses desafiadores pela frente no primeiro ano do curso técnico de Química, na Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, em Novo Hamburgo. Não imaginava, porém, que o nível de dificuldade seria levado ao extremo com a chegada da pandemia de coronavírus, um mês depois do início das aulas.
Além de ter que deixar temporariamente a casa dos pais porque ambos trabalham fora — a mãe é da área da saúde e o pai atua numa fábrica de calçados — e passar a morar com a avó materna, a estudante teve, pela primeira vez, aulas virtuais. Mas o que poderia ser uma dificuldade acabou se tornou trampolim para Rafaela voar mais alto.
— Cheguei muito empolgada à escola porque eu esperava por novas oportunidades, mas veio a pandemia. No início, foi bem difícil. E no meio do ano, percebi que não voltaríamos às aulas presenciais tão cedo. Então, fui atrás de outras possibilidades de desenvolvimento pessoal, mesmo que fossem online. Precisava ocupar o meu tempo — conta.
Rafaela mergulhou na internet em busca de cursos na área de pesquisa. Foi desta forma que ela conheceu o site inspirasonho, cuja missão é conectar estudantes com experiências de aprendizagem significativas fora da sala de aula, e encontrou o programa 1000 Girls 1000 Futures, da Academia de Ciências de Nova York, destinado a mulheres de 15 a 18 anos que pretendem seguir na área da ciência. Ela participou do processo seletivo em julho, cuja avaliação foi por meio de redação de apresentação, e recebeu a aprovação em setembro de 2020.
— Foi meu primeiro processo seletivo internacional e, apesar de confiante, sabia que só mil meninas do mundo inteiro seriam escolhidas. Quando veio a confirmação, comemorei muito — relata a adolescente, que estuda inglês há oito anos.
Sem alardes, Rafaela começou a se dedicar ao programa norte-americano no formato virtual. As aulas seguirão até maio deste ano. A estudante participa de fóruns com jovens de todas as partes do mundo e de módulos específicos: preparação acadêmica (o que pretende fazer no futuro), como se comunicar na área da ciência, liderança (como liderar projetos de ciências) e desenvolvimento do pensamento crítico.
Curiosa por aprender ainda mais, a adolescente se uniu a três colegas do 1000 Girls 1000 Futures — duas dos Estados Unidos e uma de Cingapura — para desenvolver um estudo sobre fatores externos a respeito do câncer de pulmão. A pesquisa não faz parte do programa, mas as jovens estão sendo orientadas por uma das mentoras dele.
— Pesquisamos possíveis fatores externos, como clima, condição socioeconômica e estilo de vida, que possam influenciar o surgimento da doença na população desses três países de origem do nosso grupo. Nosso objetivo é, depois de finalizado o estudo, publicá-lo numa revista científica — idealiza.
Rafaela comenta que acabou transformando o período de distanciamento social numa possibilidade de desenvolver o próprio conhecimento.
— Se não fosse pela pandemia, não teria descoberto tantas oportunidades. Teria dedicado todas as minhas horas para ficar na escola e ficaria sem tempo de pesquisar de forma online — explica.
Quando concluir o programa, a adolescente pretende aplicá-lo na própria rotina e na comunidade onde vive. Disposta a estimular outros jovens a buscar conhecimento, ela criou o Instagram @rafsnotes, para divulgar cursos e dicas de estudo. Pela dedicação e pelo exemplo de inspiração, Rafaela acabou se tornando embaixadora do inspirasonho neste ano.